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Por Redação O Sul | 16 de maio de 2022
O atirador do massacre motivado por ódio racial cometido no sábado (14) em Buffalo, no estado de Nova York (EUA), planejava continuar o ataque após matar 10 pessoas e ferir outras três em um mercado, informaram autoridades americanas nesta segunda-feira (16).
O comissário de polícia de Buffalo, Joseph Gramaglia, disse a repórteres que o suspeito mencionou “ir a outra loja” depois do mercado Tops, e que o fato de ter sido preso pela polícia impediu a continuidade da matança. “Ele ia entrar em seu carro e continuar dirigindo pela Jefferson Avenue e fazendo a mesma coisa”, disse Gramaglia.
Os investigadores continuam analisando as atividades do suspeito, Payton Gendron, de 18 anos, que disse ter dirigido por três horas de sua perto de Birmingham, no outro lado do Estado de Nova York, até chegar a Buffalo, com o propósito específico de assassinar pessoas negras.
Segundo a polícia, na véspera da chacina, o suspeito chegou a visitar o bairro do ataque, conhecido por sua grande população afro-americana. Das 13 vítimas, 11 eram negras.
No domingo, autoridades disseram que a investigação sobre o ataque avaliará se forças de segurança ignoraram sinais alarmantes deixados pelo atirador antes do massacre.
Autoridades disseram que o acusado realizou um ato de “extremismo violento com motivação racial”.
Além de buscar uma compreensão mais clara do que motivou Gendron, as autoridades analisarão o que poderia ter sido feito para detê-lo, após surgirem detalhes preocupantes do comportamento do atirador na escola e na internet.
A polícia chegou a deter Gendron em junho do ano passado após ele fazer uma ameaça contra a sua escola. Após um dia e meio detido, ele passou por uma avaliação psicológica e foi liberado.
Vestido com roupas e equipamentos militares, Gendron abriu fogo com um fuzil semiautomático que ele comprou legalmente, mas depois modificou ilegalmente. Em seu carro, as autoridades encontraram outras duas armas, um fuzil e uma espingarda.
Antes de seu ataque, acredita-se que o suspeito tenha postado um longo manifesto racista na internet. No documento, ele defende uma teoria da conspiração racista conhecida como teoria da grande substituição, que imagina haver um esquema nefasto para substituir americanos – e eleitores – brancos por imigrantes e pessoas de outras raças.
“As evidências que descobrimos até agora não enganam que este é um crime de ódio racista indiscutível, que será processado como crime de ódio”, disse Gramaglia no domingo.
Racha republicano
O massacre criou um novo obstáculo para os republicanos, que tentam conter as disputas internas relacionadas à fidelidade a Donald Trump antes das eleições legislativas de 8 de novembro.
Congressistas críticos ao ex-presidente pressionam o partido para explicitamente rejeitar a teoria da “grande substituição”.
Há muito ideias próximas da teoria da conspiração são defendidas por integrantes do partido, e alguns políticos e figuras midiáticas, como o apresentador da Fox News Tucker Carlson, chegam a citá-la explicitamente.
Nesta segunda-feira, a deputada republicana Liz Cheney, uma antiga adversária de Trump, acusou correligionários de alimentar ideias racistas. “A liderança do Partido Republicano na Câmara permitiu o nacionalismo branco, a supremacia branca e o antissemitismo”, disse Cheney, uma crítica contumaz de Trump e seus aliados, numa rede social. “A história nos ensinou que o que começa com palavras termina em algo muito pior. Os líderes do Partido Republicano precisam renunciar e rejeitar esses pontos de vista.”
Cheney integra, como outro republicano, uma comissão do Congresso que intimou o líder republicano da Câmara, Kevin McCarthy, e quatro outros parlamentares do partido a testemunharem sobre a invasão por centenas de apoiadores de Trump ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
Cheney se somou ao deputado Adam Kinzinger, um republicano independente que também está na Comissão, ao culpar a liderança do partido por não condenar o racismo que alimentou o ataque em Buffalo.
Ambos afirmam que os líderes republicanos da Câmara estão favorecendo aliados e apoiadores de Trump que defendem o ultranacionalismo branco.
“Aqui está minha teoria de substituição: precisamos substituir Elise Stefanik, McCarthy, Marjorie Taylor Greene e Madison Cawthorn”, escreveu Kinzinger, listando vários deputados defensores linha-dura de Trump. “A teoria de substituição que eles estão empurrando/tolerando está matando pessoas.”
Em um comunicado, o gabinete de Stefanik rejeitou as acusações. “Qualquer implicação ou tentativa de culpar a congressista pelo hediondo ataque em Buffalo é uma novo e repugnante ponto baixo da esquerda, de seus aliados ‘Nunca Trump’ e dos bajuladores estenógrafos da imprensa”, disse Alex DeGrasse, assessor sênior de Stefanik.
Stefanik, que representa um distrito congressional do Estado de Nova York, substituiu Cheney como a 3º republicana mais poderosa da Câmara no ano passado, depois que Cheney condenou Trump pelo ataque ao Capitólio.
No Twitter, Greene disse que a responsabilidade pelo ataque era apenas do atirador. Os escritórios de McCarthy e Cawthorn não responderam aos pedidos de comentários.
Em comunicado, a Casa Branca informou que o presidente americano, Joe Biden, e a primeira-dama, Jill Biden, visitarão Buffalo nesta terça-feira (17). As informações são do jornal O Globo e de agências internacionais de notícias.