Uma ativista do grupo Femen tentou furtar a estátua do Menino Jesus do presépio da praça São Pedro, no Vaticano, nesta segunda-feira (25), mas foi impedida por um guarda. A mulher pulou as cercas e correu em direção ao presépio, de tamanho maior que o natural, gritando “Deus é mulher”. Ela tinha o mesmo slogan pintado nas costas.
Um gendarme do Vaticano a impediu de pegar a estátua e ela foi detida. O incidente ocorreu duas horas antes de o papa Francisco fazer sua mensagem de Natal diante de 50 mil pessoas na praça.
O site do Femen identificou a ativista como Alisa Vinogradova e a chamou de uma “sexextremista”. O site diz que o objetivo do grupo, criado na Ucrânia, é a “completa vitória sobre o patriarcado”. Uma ativista do Femen fez ato similar no Natal de 2014 e também foi detida.
Papa pede paz
O papa Francisco pediu “paz para Jerusalém e toda a Terra Santa” em sua mensagem de Natal.
Ele também pediu para que se alcance “uma solução negociada que permita a coexistência pacífica de dois Estados”.
A declaração vem na esteira da escalada da tensão no Oriente Médio, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter contrariado a comunidade internacional de forma quase unânime e reconhecido Jerusalém como capital de Israel.
“Neste dia de fé, invocamos o senhor por paz em Jerusalém e toda a Terra Santa, rezamos para que entre as partes prevaleça a vontade de retomar o diálogo e se possa finalmente alcançar uma solução negociada, que permita a coexistência pacífica de dois Estados no interior de fronteiras concordadas entre eles e internacionalmente reconhecidas”, disse Jorge Bergoglio.
Nas últimas semanas, o papa fez apelos pela manutenção do “status quo” da cidade sagrada, cuja posse também é reivindicada pelos palestinos, e em defesa do respeito às resoluções das Nações Unidas (ONU), que qualificam Jerusalém Oriental, a parte majoritariamente árabe do município, como uma “ocupação” israelense.
Essa porção da cidade foi anexada por Israel em 1967, na Guerra dos Seis Dias, assim como a Cisjordânia. “Que o senhor também reconheça a boa vontade daqueles na comunidade internacional que buscam ajudar aquela martirizada terra a encontrar concórdia e segurança”, acrescentou Francisco na bênção desta segunda-feira. Crises
Como é de praxe na “Urbi et Orbi”, o pontífice abordou as principais crises humanitárias da atualidade, da Síria à Venezuela, partindo da jornada de Maria e José, que fugiram de Belém para o Egito com o Cristo recém-nascido.
“Hoje, enquanto no mundo sopram ventos de guerra e um modelo de desenvolvimento já superado continua a produzir degradação humana, social e ambiental, o Natal nos chama para o sinal da criança [Jesus] e a reconhecê-lo nos rostos das crianças, especialmente naquelas para as quais, assim como para Jesus, não ‘há lugar no alojamento'”, disse o papa.
Segundo o líder católico, é preciso “ver Jesus” nos rostos das crianças sírias, “ainda marcados pela guerra que ensanguentou o país nos últimos anos”. “Que a amada Síria possa reencontrar o respeito e a dignidade de cada pessoa através de um compromisso comum para reconstruir o tecido social, independentemente do pertencimento étnico e religioso”, acrescentou.
O papa também citou as guerras no Iraque, que, assim como a Síria, travou durante anos uma batalha contra o Estado Islâmico (EI), e no Iêmen, “onde está em curso um conflito em grande parte esquecido e com profundas implicações humanitárias”.