Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Flavio Pereira | 8 de janeiro de 2024
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Lula e ministros do STF fazem discurso pela pacificação do país, mas agem no sentido contrário. Já estão definidos os detalhes do ato organizado pelo presidente Lula e por ministros do STF, para marcar o primeiro ano dos ataques de 8 de janeiro de 2023. O ato para “celebrar a democracia”, não terá presença de populares, apenas convidados especiais, e será realizado no Salão Negro do Congresso Nacional. O Salão Negro é a entrada principal do Palácio do Congresso Nacional, dando acesso à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal. Seu nome se deve à cor do piso, e nesse salão, acontecem todos os tipos de eventos, como cultos ecumênicos, velórios de parlamentares, exposições e manifestações políticas ou culturais.
Câmeras mostraram que baderna de 8 de janeiro teve participação de membros do governo
As imagens exclusivas obtidas pela Rede CNN no dia 19 de abril de 2023, mostram em vários momentos o ministro Gonçalves Dias, do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e invasores no 3° andar do Palácio do Planalto, ao lado de funcionários do próprio GSI. Nas imagens, os invasores circulavam no Palácio do Planalto. No terceiro andar, onde as câmeras registraram as imagens do ministro, os criminosos quebraram câmeras de segurança, mesas de vidro, o relógio Balthazar Martinot, obra de arte do século 17, que chegou ao Brasil pelas mãos de dom João VI em 1808, além de revirarem gavetas e móveis. Estas imagens foram ignoradas pela CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquerito) e pelo STF no inquérito que apenas puniu vândalos e invasores identificados com a direita.
Jair Bolsonaro: “Foi uma armadilha. Quem faz baderna é a esquerda”.
O ex-presidente Jair Bolsonaro reafirma que esse comportamento – atos de vandalismo – nunca partiu de pessoas da direita. Em entrevista à Rede CNN, ele ainda alega que os invasores foram convocados pela esquerda. “Lamentável”, completou sobre o 8 de janeiro. “Não é do pessoal que nos segue, nos acompanha; bolsonaristas, pessoal conservador, nunca foi de fazer isso aí”.
– Desde que ocorreu, eu estava nos Estados Unidos, e nas minhas redes sociais lamentei. Nunca foi esse o comportamento das pessoas que são do nosso lado, pessoas de direita. Tanto é que, apesar da CPMI, que nada apurou, temos certeza que aquilo foi uma armadilha por parte da esquerda”, declarou o ex-presidente. ”
Deputado Vilmar Zanchin assume o Governo do Estado nesta segunda-feira
Será logo mais, às 10:30 no Palácio Piratini, a solenidade na qual o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Vilmar Zanchin (MDB), recebe do vice-governador Gabriel Souza o cargo de governador do Estado em exercício. Zanchin permanecerá na função cumprindo agendas na sede do Executivo até o dia 10, quando está prevista a assinatura de atos administrativos às 11h. Enquanto isso, na Assembleia, a deputada Delegada Nadine (PSDB) assume como presidente em exercício. O ato de transmissão de cargo para a deputada acontece nesta segunda-feira, às 10h, no Gabinete da Presidência.
“Não há nenhuma ameaça à democracia que justifique a ilegalidade dos inquéritos”
O jornalista José Roberto Guzzo comenta no Estadão sobre o reiterado desrespeito à Constituição e ao devido processo legal no caso dos inquéritos conduzidos pelo STF, que “o Brasil não vai ter paz enquanto não for fechado o inquérito que o Supremo Tribunal Federal, através do ministro Alexandre de Moraes, abriu cinco anos atrás para investigar “atos antidemocráticos”. Desde então, vem servindo como uma licença oficial para se suprimir direitos civis, anular qualquer lei em vigor no Brasil e criar um Estado policial neste país. O inquérito é uma declaração permanente de guerra. Foi aberto para apurar “notícias falsas” que poderiam atingir a honra e a segurança do STF. De lá para cá, como se diz hoje, “viralizou”. Foi gerando um inquérito criminal depois do outro (tantos, que não se sabe mais ao certo quantos são no momento) e passou a incluir todos os delitos que alguém possa praticar, inclusive os que não existem em lei nenhuma. É uma aberração jurídica que não existe, nem seria admitida, em qualquer democracia séria do mundo.
Não há, obviamente, nenhuma ameaça à democracia que justifique nada do que o ministro está fazendo. Essa realidade, somada às ilegalidades em massa dos inquéritos, levam à uma “cristalina e pacífica conclusão”, como diz em editorial do Estadão: “É tempo de os inquéritos criminais do STF relativos a atos antidemocráticos serem encerrados, de acordo com a lei”. Não é possível, com base na razão, contestar o que diz o editorial. Em vez de apresentar argumentos, o sistema de propaganda oficial veio com essa assombrosa entrevista na qual o ministro Moraes revelou, entre outros horrores, que iria ser enforcado em praça pública pelos golpistas. É menos jornalismo do que um exercício de taquigrafia em que só o ministro fala. Mas é mais um grito de guerra.”
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.