As fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul trouxeram impactos para produção agrícola e indústria local. Federações e associações já estimam prejuízos nas colheitas de soja e arroz, além de redução na produção de leite. Os alagamentos, estradas obstruídas e pontes caídas também afetam a entrega de produtos e até a distribuição de combustíveis, dizem as entidades.
Segundo o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Silveira Pereira, a situação da oleaginosa é a que mais preocupa, pois há muitas lavouras debaixo d’água. “A soja tem um limite de umidade para aguentar. Com muita água, os grãos vão dilatar, precisamos de sol”, explicou.
De acordo com ele, ainda há cerca de 40% a oleaginosa a ser colhida. No caso do arroz, entre 20% e 30% das lavouras ainda se desenvolvem.
A logística também foi fortemente comprometida, segundo Pereira. Com estradas obstruídas por barreiras e pontes que caíram, a distribuição de bens de consumo, combustíveis e a entrega de gêneros alimentícios já está afetada.
Propriedades rurais do interior do Rio Grande do Sul estão isoladas. A Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando) relatou o impacto, provocado pela queda de barreiras em estradas, além dos alagamentos. Segundo a Gadolando, a produção de leite está reduzida e há dificuldade em escoá-lo.
“Muitas (propriedades) estão alagadas e isoladas por causa da queda de barreiras, o que significa o não recolhimento de leite e, portanto, o não abastecimento à indústria que, por sua vez, não tem mais embalagens para o envasamento do pouco produto que chega”, afirmou, em nota, o presidente da Gadolando, Marcos Tang.
As indústrias produtoras e processadoras de aves do Rio Grande do Sul estão sofrendo com a falta de matéria-prima para ração das granjas e paralisando ou reduzindo abates de frangos em algumas regiões.
Segundo o presidente-executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo Santos, 12 indústrias paralisaram ou reduziram abates para lidar com os desdobramentos das chuvas torrenciais.
“Devido à dificuldade de acesso a algumas regiões, algumas granjas estão no seu limite de suprimento, de farelo de soja e milho”, acrescentou ele.
Indústria paralisada
A fabricante de ônibus Marcopolo decidiu interromper temporariamente as atividades em duas fábricas na cidade de Caxias do Sul, no interior do Rio Grande do Sul.
Em comunicado, a Marcopolo diz que “as operações nas duas unidades localizadas em Caxias do Sul estão suspensas em caráter preventivo até domingo”. Não há informações sobre danos e problemas gerados pela chuva nas duas unidades.
A Gerdau suspendeu as operações siderúrgicas nas unidades de Charqueadas e Riograndense. A perspectiva é que as unidades retornem às atividades já neste próximo final de semana.
O diretor-presidente da Gerdau, Gustavo Werneck, informou, durante teleconferência com analistas, que a decisão foi tomada com foco em fortalecer a segurança dos colaboradores da empresa, em meio ao impacto social que as fortes chuvas têm provocado.
Já a Braskem iniciou na sexta-feira (3) uma ação que envolve a paralisação de algumas de suas plantas industriais no Polo Petroquímico de Triunfo, no Rio Grande do Sul.
Entre as paralisações estão algumas linhas de produção de resinas à base de polietileno (PE) e de polipropileno (PP), além de químicos e combustíveis, segundo a empresa, enquanto as unidades interrompidas envolvem uma de olefinas e quatro das seis unidades de resinas termoplásticas do polo.
Fornecimento de energia
O Brasil passou a importar energia elétrica do Uruguai para garantir o fornecimento de energia no Rio Grande do Sul. A informação é do Operador Nacional do Sistema (ONS) e consta do Informativo Preliminar Diário da Operação (IPDO).
O documento cita que o sistema elétrico brasileiro importou na última quinta-feira (2) eletricidade uruguaia “em caráter de emergência”. A operação teve como objetivo “aumentar a confiabilidade ao atendimento às cargas do Rio Grande do Sul devido às cheias verificadas neste estado”.