Sábado, 23 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 15 de julho de 2015
“Mulher não precisa de homem para ser feliz.” Se, em 2015, a frase da atriz gaúcha Larissa Maciel, 37 anos, ainda é capaz de causar arrepios nos mais conservadores, imagina se fosse dita há mais de 3 mil anos, época em que é ambientada a novela “Os Dez Mandamentos”, da TV Record. Mas a intérprete de Miriã poderia fazer essa afirmação tranquilamente, já que é à frente do seu tempo. “A minha personagem não quer se casar, nem constituir família, ao contrário das outras hebreias. A Miriã sabe que, se tiver um marido, terá que ser submissa e isso ela não quer de jeito nenhum”, diz.
Casada com o administrador de empresas André Surkamp e mãe da pequena Milena, de 1 ano e cinco meses, Larissa se vê no mesmo lugar que Miriã, embora a sua realidade seja oposta a da irmã de Moisés (Guilherme Winter). “Assim como ela, jamais seria submissa. Mas eu vivo em um mundo em que esse papel de mulher passiva, ainda bem, encontra-se quase extinto. Casar foi uma consequência natural por eu ter encontrado o homem da minha vida. Sempre tive um lado maternal forte, mas eu só me casei com o André porque eu o encontrei. Para a mulher ser feliz com um homem, ela precisa ser capaz de ser feliz sozinha. Se você não está projetando no outro a sua felicidade, é mais fácil construir um relacionamento”, acredita.
Ou simplesmente seguir em frente. “A Miriã não se vê como uma mulher sem sorte no amor. Ela tem muita certeza de que Deus tem um plano para cada pessoa. Ela é uma mulher de fé, não questiona Deus. A Miriã vê como um sinal de Deus o fato do Hur [Floriano Peixoto], por quem chegou a se interessar, ter ficado com a Henutmire [Vera Zimmermann]. A Miriã é, sobretudo, uma mulher de fé”, afirma.
Larissa tem mais esse ponto em comum com a personagem, ainda que não siga uma religião. “Tenho bastante fé, embora às vezes a gente se pergunte por que crianças sofrem violências, como pode Deus ser conivente com isso. Eu não tenho essa resposta, mas acredito que Ele vê tudo lá de cima. Também acredito que tudo o que se joga para o universo, volta. Se você faz coisas boas, vai colher coisas boas”, aposta. E complementa: “Mas não acho que exista um destino traçado e imutável. Talvez exista uma história escrita para a gente, mas o que a gente vai de fato viver depende das nossas escolhas.”
“Pés no chão”.
A carreira iniciada em Porto Alegre há 19 anos foi uma das escolhas de Larissa, que ganhou projeção nacional em “Maysa – Quando Fala ao Coração” (2009), minissérie da TV Globo que contou a história da cantora mãe do diretor Jayme Monjardim. “Antes desse trabalho, vivi todo o lado que não é glamouroso da profissão: carreguei muito cenário, produzi muita peça sem dinheiro, fiz muito espetáculo com teatro vazio e tendo que tirar do bolso para pagar iluminador e sonoplasta. Por isso, tenho os pés no chão. Não sou, nem nunca fui, uma pessoa deslumbrada”, frisa. (AD)