Parte da Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) assinou uma declaração de apoio à resolução da ONU que pede um cessar-fogo humanitário imediato na Faixa de Gaza. O encontro foi realizado em Kingstown, em São Vicente e Granadinas.
Sem consenso, ao todo, 24 dos 33 países participantes foram favoráveis à declaração. Entre eles estão o Brasil, Colômbia, Cuba, Venezuela, México, Honduras e Nicarágua, além de países caribenhos.
O grupo ainda apoiou os casos apresentados perante a Corte Internacional de Justiça (CIJ) para determinar se as ações de Israel violam as regras internacionais e constituem genocídio.
Outra declaração endossada pelos países diz respeito à política externa feminista da América Latina e do Caribe. Este texto foi assinado pelo Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, México, Equador e República Dominicana.
“A declaração reitera o compromisso dos países signatários com a paridade e a igualdade de gênero, bem como com o fortalecimento do acesso pleno e igualitário das mulheres a posições de liderança e a processos de tomada de decisão na América Latina e no Caribe”, afirmou o Itamaraty em nota.
Ao fim da cúpula, foi assinada a declaração principal, que trata de temas considerados importantes para a região, como integração regional e relações com parceiros de outras regiões, como China e União Europeia.
A Cúpula também divulgou declarações sobre diferentes assuntos tidos como tradicionais, como a questão das Malvinas – apoiando a Argentina –, e outra contrária ao bloqueio econômico financeiro e comercial a Cuba.
O próximo ciclo da Celac será presidido por Honduras, que assumiu a presidência “pro tempore” do bloco.
Pressão
Liderada por Estados Unidos, União Europeia (UE) e ONU, a comunidade internacional elevou o tom das cobranças de respostas de Israel sobre a tragédia ocorrida durante a distribuição de ajuda em Gaza. Os países querem uma investigação independente do episódio, que deixou 115 palestinos mortos e ao menos 760 feridos, vítimas de disparos indiscriminados de soldados israelenses, segundo o grupo islamita Hamas. Também aumentou o clamor para um cessar-fogo no enclave.
O governo de Benjamin Netanyahu nega responsabilidade e sustenta que um tumulto provocou a tragédia. Fontes médicas e testemunhas, porém, contestam essa versão. Afirmam que soldados israelenses atiraram contra a multidão faminta que cercou um comboio de ajuda humanitária na Cidade de Gaza. Em caráter reservado, um integrante do Exército israelense confirmou “disparos limitados” por parte de soldados que se sentiram “ameaçados”.
Diante do agravamento da crise humanitária no enclave, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que participará “nos próximos dias” do lançamento aéreo de ajuda. Vários países, entre eles a Jordânia, começaram adotar essa estratégia para driblar o cerco imposto por Israel. França, Países Baixos, Reino Unido e Egito apoiaram a iniciativa. Os habitantes do enclave sofrem cada vez mais com a escassez de alimento, água e medicamentos.