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Colunistas Aumenta o fosso

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Mudança no sistema de impostos ocorre após décadas de discussão no País. (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Seria razoável esperar que nós brasileiros terminássemos o ano de 2023 , senão em estado de graça, ao menos distensionados, ânimos desinflamados, com o estado de espírito mais propenso ao convívio pacífico e respeitoso de todas as correntes da vida nacional.

Ledo engano, como diz um clichê dos mais simpáticos do idioma pátrio. Ao invés, parece que chegamos a esta parte ainda mais irascíveis e exaltados – caminho sem volta nas nossas desavenças, na ordem moral e política, nas nossas conflitantes visões de mundo.

Basta ver a sessão de aprovação da Reforma Tributária no Congresso. Era para ser uma comemoração, depois de 30 anos de discussões desgastantes, idas e vindas, durante os quais só andamos de lado em um sistema caótico e injusto – um dos nós que precisava ser desatado, se for para sair do pântano onde estamos com os pés atolados. A reforma Tributária era uma palavra de ordem e uma prioridade de todas as forças políticas, das empresas e dos agentes produtivos, e por todos que detinham os olhos sobre o nosso sistema tortuoso de tributos e impostos.

O presidente Lula esteve lá com justa razão: foi um avanço, uma conquista. E fez um discurso de conciliação, reconhecendo o esforço de todos, elogiando o Congresso, abrindo mão de algo que ele gosta muito de fazer – ressaltar as próprias realizações.

Mas o sinal de paz enviado foi mal compreendido: a oposição bolsonarista, que não se destaca pelos bons modos, barulhenta como sempre, em hora imprópria puxou o coro de “Luladrão”. A sessão que era para ser um momento de concórdia nacional, virou um barraco de contendores, uma briga de rua onde não faltou nem agressão física.

A verdade é que o governo também não ajuda – a retórica é de paz, como no discurso de Lula ou na campanha “ o Brasil é um só povo “. O programa poderia ser um bom começo para reduzir as tensões e desarmar os espíritos. Mas olhando de perto é um mal ajambrado esforço de propaganda e gabolice.

Tanto é que as peças do programa alinham exemplos de pessoas beneficiadas com o Minha Casa Minha Vida, Prouni, Bolsa Família, Plano Safra, Novo PAC, Farmácia Popular, e planos de vacinação, tudo que leva o carimbo e tem o DNA de Lula e do PT. (Estas informações estão contidas no site oficial do Partido dos Trabalhadores).

Não consigo entender onde os criadores da campanha querem chegar. Terão imaginado que as pessoas não perceberiam o truque vulgar? Ninguém iria notar que a suposta intenção de paz e reconstrução nacional do PT se formulou em torno dos valores e marcas do partido? O “um só povo” do programa é só o povo que votou em Lula? A forma escolhida só aumenta o fosso entre os dois brasis, o do bolsonarismo e o do lulopetismo.

Como alcançar de fato e de verdade um clima mais amigável, quando a proposta vem eivada assim de insinceridade e o oportunismo? Não é a toa que ele foi lançado em um mega evento do Partido dos Trabalhadores. Se quiserem mesmo distender o debate, trazer um pouco de paz ao ambiente nacional , tornar aceitável e natural o cotejo das diferenças, o governo, Lula e o PT precisam mudar de forma e atitude.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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