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Ausências de governador, deputado e senador: casamento do ministro do Supremo Flávio Dino expõe racha político para 2026

O ministro Flávio Dino ao lado de sua esposa, Daniela Lima, o vice-governador do Maranhão, Felipe Camarão, e Taynah Soares. (Foto: Divulgação)

Após terem passado meses disputando o espólio político do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), no Maranhão, o desgaste entre antigos aliados foi exposto no último sábado (30) quando Dino casou sem a presença de parte de seu grupo no estado. As ausências indicam um cenário de dissonâncias para a disputa eleitoral de 2026: o governador Carlos Brandão (PSB) e seu entorno não foram convidados, enquanto o vice-governador Felipe Camarão (PT) marcou presença.

O pano de fundo é a resistência de Brandão em indicar o petista enquanto seu sucessor. Quando foi escolhido para dar continuidade ao mandato de Dino, em 2022, um acordo foi costurado já prevendo que Brandão renunciaria em março de 2026 para que Felipe Camarão concorresse na máquina. Na ocasião, o vice foi filiado ao PT por influência do hoje ministro do STF.

Com o passar dos anos, contudo, Brandão e Dino se afastaram e, hoje, o governador tem seus próprios indicados para a disputa. Quem desponta como favorito para o cargo é seu sobrinho, Orleans Brandão. Oficialmente, contudo, ele não comenta sobre o tema e tenta, a todo custo, postergar a decisão.

Em meio a este pé de guerra, Brandão não foi convidado para a celebração da união de Dino com Daniela Lima, com quem tem uma união estável desde 2011, mas não chegou a fazer uma festa à época. Do seu núcleo de apoiadores, também se ausentaram o senador Weverton Rocha (PDT) e o deputado federal Duarte Júnior (PSB).

No caso do deputado, que concorreu à Prefeitura de São Luís neste ano e sempre foi tido como a principal aposta local do ministro do STF, Duarte Júnior afirma ter sido convidado para a cerimônia. Sua ausência ocorre por estar em missão oficial em Nova York.

“Fui convidado, mas infelizmente não pude ir. Estou em missão em Nova York. Fui convidado para ministrar uma palestra sobre planejamento de contas públicas e gestão”, justificou o parlamentar.

Eleito em 2018, Weverton Rocha terá de concorrer à reeleição em 2026 junto com outra aliada de Dino, Eliziane Gama (PSD), que esteve no casamento. Um outro nome que quer concorrer à Casa Legislativa marcou presença na festa, o ministro de Esportes, André Fufuca (PP). Vale lembrar que o estado tem duas vagas a serem disputadas.

O pedetista também não é uma figura querida entre aliados de Felipe Camarão que estiveram presentes no casamento, a exemplo do deputado federal Rubens Júnior (PT). Em janeiro, o deputado chegou a acusar o senador de tentar ser herdeiro de Dino após tê-lo traído.

Sem citar nominalmente o pedetista, Rubens Júnior escreveu: “Tem gente que traiu Flávio Dino, rompeu com ele, tentou derrotá-lo e, agora, vejam só, tenta ser herdeiro político dele. É cada uma hahaha”.

Aliados na época em que o ministro da Justiça era governador do Maranhão, Dino e Weverton Rocha passaram por um rompimento em 2022. Na ocasião, o afastamento foi motivado pela escolha de quem iria ser o candidato do governo nas eleições majoritárias: o senador tinha o desejo de concorrer ao Palácio dos Leões, mas foi preterido por Carlos Brandão.

Desolado, Weverton não só não apoiou a candidatura de Brandão, como concorreu contra a chapa montada por Dino, mas terminou em terceiro lugar na disputa. O clima ainda piorou quando Weverton declarou apoio a Roberto Rocha (PTB), que concorreu contra Dino por uma cadeira no Senado.

A reaproximação entre os dois ocorreu no ano passado quando o senador foi escolhido para relatar a indicação de Dino ao STF. Desde então, o pedetista tenta voltar ao banco de aliados, o que incomoda o resto do grupo político.

Rusgas 

Oficialmente não convidado para o casamento, Carlos Brandão tem rusgas com Flávio Dino que vão além da disputa em 2026. Antes de ser excluído da cerimônia, o governador se afastou do ministro. As rusgas começaram logo após assumir o Executivo, durante as eleições da Assembleia Legislativa. Dino havia costurado um acordo para reeleger Othelino Neto (PCdoB), que é marido de sua antiga suplente no senado, a hoje senadora Ana Paula Lobato. O casal compareceu à celebração.

Brandão insistiu na candidatura de Iracema Vale, que, posteriormente, fez dois movimentos favoráveis a familiares do governador: conduziu a votação que tornou o sobrinho, Daniel, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MA), posteriormente vetada pela Justiça, e indicou o irmão, Marcus, para a diretoria de Relações Institucionais da Casa.

Esse irmão é ponto-chave em outro incômodo entre Dino e Brandão —aproximação do governador com a direita, incluindo até mesmo o PL. Marcus hoje é presidente estadual do MDB, que abriga a família Sarney. Desafetos de Dino por anos, o clã esteve com o ministro na última eleição que disputou, em 2022.

Marcus também é pai de Orleans Brandão, atual preferido do governador para lhe suceder em 2026.

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