Domingo, 09 de março de 2025
Por Redação O Sul | 19 de outubro de 2024
Apesar da nova Lei do Combustível do Futuro, que aumenta a quantidade de etanol na gasolina, fabricantes têm deixado de lado a tecnologia flex em alguns motores lançados recentemente, inclusive em carros nacionais. Hoje, a gasolina vendida no País pode ter de 18% a 27,5% de etanol. Com a nova lei, esse percentual passa a ser de 22% a 27%, podendo chegar a 35% nos próximos anos.
A Honda, por exemplo, trouxe o ZR-V somente a gasolina. O 2.0 aspirado de quatro cilindros rende 161 cv e 19,1 kgfm e foi adaptado para o combustível brasileiro, mas não transformado em flex. Importado do México e em volumes baixos, não compensaria o investimento.
É o mesmo caso do 2.0 Turbo Hurricane, fabricado na Itália e importado pela Stellantis para equipar Ram Rampage e os Jeep Compass e Commander. A Stellantis já faz estudos para tornar o propulsor bicombustível.
“Sempre estudamos e trabalhamos no desenvolvimento de motores flex. A questão é se o volume justifica. Temos que ver como serão as vendas”, disse Marcio Tonani, vice-presidente de desenvolvimento de produtos da Stellantis na América do Sul.
Caso as vendas justifiquem, podemos esperar que o Hurricane se torne flex apenas em uma mudança de ano/modelo. Para a Stellantis, a vantagem dessa manobra seria pagar um IPI menor para os veículos equipados com o motor. Um sistema híbrido leve para reduzir o consumo também pode estar no radar.
Outro caso, dessa vez mais recente, é o do Hyundai Creta. A versão Ultimate trocou o antigo 2.0 aspirado flex por um novo 1.6 quatro-cilindros 16V turbo, com injeção direta, porém só a gasolina. O propulsor pertence à família Smartstream, uma evolução do Gamma II, que era oferecido aqui no Tucson e atualmente, equipa o Kia Sportage.
“Quando você vai preparar um motor para a calibração flex, você tem um tempo de desenvolvimento e esse tempo não estava compatível para o lançamento que estamos fazendo. Então, tomamos a decisão, obviamente depois de fazer pesquisas de mercado, de lançar [o novo Creta 1.6 TGDi] somente a gasolina”, explicou Airton Cousseau, presidente da Hyundai do Brasil. Segundo ele, não houve rejeição de consumidores pelo fato do motor não ser flex, mas ter o etanol como opção já está nos planos da empresa.
Executivos da Hyundai, no entanto, descartam preocupações quanto ao aumento da quantidade de etanol na gasolina e dizem que os impactos foram avaliados antes da decisão de lançar o novo motor.
“O aumento da quantidade de etanol na gasolina vem sendo discutido entre todas as partes envolvidas. A Hyundai participa dessas conversas junto à Anfavea, eliminando qualquer preocupação antes de introduzir no Brasil o motor 1.6 Turbo de 193 cv a gasolina”, disse Alberto Hackerott, gerente de produto da Hyundai.