Sexta-feira, 25 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 7 de novembro de 2015
Autoridades de Portugal investigam indícios de que o ex-primeiro-ministro do país José Sócrates, preso em 2014 sob suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro, teria utilizado sua influência junto ao ex-presidente Lula para beneficiar uma empresa em negócios com o Ministério da Saúde brasileiro.
A investigação foi divulgada nesta sexta-feira (06) pelo jornal português Observador. Segundo a reportagem, o DCIAP (Departamento Central de Investigação e Ação Penal) português suspeita que Sócrates teria tentado praticar tráfico de influência internacional. De 2013 até novembro de 2014, quando foi preso no âmbito da Operação Marquês, o ex-primeiro-ministro atuou como consultor para a América Latina da Octapharma, uma empresa suíça que é uma das maiores produtoras de hemoderivados do mundo.
Nesse período, em que era o contato da Octapharma com as autoridades brasileiras, conforme a investigação, Sócrates se encontrou com Lula e com ex-ministros da Saúde brasileiros com o objetivo de obter vantagens para a empresa. A Octapharma, segundo o jornal, queria fornecer plasma sanguíneo à Hemobrás, estatal brasileira do setor, ou atuar em um acordo de cooperação entre a Hemobrás e o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo.
Esse acordo entre os órgãos brasileiros, para produção de plasma sanguíneo, havia sido firmado em 2011. A Hemobrás afirmou que não fez contratos com a Octapharma. Um dos encontros citados foi entre Sócrates e o ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão (2007-2010), realizado em setembro de 2014. Nessa reunião, no Rio, eles teriam tratado da participação da Octapharma na parceria entre Hemobrás e Butantan.
No mês seguinte, o ex-premiê teria se reunido com Lula para influenciar o então ministro da Saúde do governo Dilma Rousseff, Arthur Chioro, de acordo com os interesses da Octapharma. Ainda segundo o jornal, o político português também se encontrou com o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (2011-2014), em reunião que constou da agenda oficial. (Folhapress)