Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a irritação maior do presidente é com a equipe do Ministério da Economia e nem tanto com o ministro Paulo Guedes.
O movimento do presidente de acabar com o Renda Brasil, segundo técnicos, expõe mais uma vez a enorme dificuldade do governo de encontrar espaço no Orçamento sem ferir de morte o teto de gasto, a regra constitucional que impede o crescimento dos gastos acima da inflação, sem mexer em outros programas e atacar em privilégios.
O compromisso de manter o teto foi assumido em manifesto público no Palácio da Alvorada. Para isso, precisará enfrentar temas espinhosos como o abono salarial e outros programas mal formulados, cujas mudanças foram descartadas pelo próprio presidente. Há dificuldade de o presidente entender que, com o teto, não basta aumentar a receita para viabilizar um programa social mais robusto.
As principais críticas no Planalto são de que a Economia age sem acertar os ponteiros com os demais órgãos e ministérios, muitas vezes contrariando a determinação política do presidente e orientação jurídica do governo.
Dessa vez, as declarações com detalhes sobre o congelamento dos benefícios partiu do secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, que em entrevista ao site G1 deu apoio ao congelamento dos benefícios previdenciários por dois anos e mudanças no seguro-desemprego.
O assunto, porém, já vinha sendo discutido com ala política e lideranças do governo que, inclusive, haviam acenado com a possibilidade de a medida passar “em nome de mais” recursos para os mais vulneráveis do Renda Brasil. O tema da desindexação (retirar a obrigatoriedade de dar reajustes) do salário mínimo era frequente desde o início do governo.