Eu sou colorada desde sempre. Lembro a primeira vez que entrei no estádio, lembro a primeira vez que meu tio me levou dentro do campo, pisei no gramado, conheci o ídolo da época Falcão.
Jamais esqueci. São memórias que forjaram uma paixão. Na adolescência, já demonstrando os traços que me acompanhariam vida a fora, tentei racionalizar essa paixão, tentar entender porque amava aquele time, aquele hino, aquela bandeira; busquei conhecer a história do Clube. Aí uma nova fase se inaugurou, agora era amor eterno. O que motivou os fundadores do Clube a erguer Clube do Parque dos Eucaliptos, preencheu meu coração; a verve social, o apelo para que este clube fosse o Clube do Povo, onde homens e mulheres, de todas as cores, crenças e raças pudessem entrar, torcer, cantar, era tudo que eu precisava para amar este Clube para sempre.
Depois a história do time propriamente dita, repleta de lances heroicos e conquistas incríveis, só serviram para ratificar este amor que não tem fim.
Na quarta-feira uma vez mais chegamos numa final; uma vez mais entre tantas outras, e na nossa casa, no Gigante da Beira Rio, diante de uma multidão vermelha, não bastamos, não fomos suficientemente bons, não fomos eficazes. Doeu. Minha filha do outro lado do Oceano chorou. A multidão vermelha que lotou a nossa casa, chorou também.
Todos os colorados choraram um pouco. Vem a dor, mas basta lembrar da nossa história, e de como ela foi construída, e logo as lágrimas secam, o gosto amargo da derrota se dissipa, e quando percebemos já estamos Pensando em como melhorar, em como sanarmos os erros, em como superarmos as falhas, em como nos reinventarmos, de novo, mais e melhor. Porque ser colorado antes de tudo, é um estado de espírito de força, de resiliência, de luta. Ser Colorado é ser forte, para cair e levantar, quantas vezes forem necessárias. Avante Colorado, tu és Gigante!
Singra Macedo – Advogada