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Economia Bacalhau sobe 11,5% e consumidor busca outros peixes para a Páscoa; vendas devem cair 20%

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Vendas de peixes e pescados deve ter uma queda de 20% nesse feriado de Páscoa, diz Abipesca.

Foto: Reprodução
Vendas de peixes e pescados deve ter uma queda de 20% nesse feriado de Páscoa, diz Abipesca. (Foto: Reprodução)

A Fundação Getúlio Vargas (FGV) calculou em 11,5% o aumento do bacalhau em relação ao ano passado. Como consequência, muitas pessoas buscaram outras opções de peixe mais econômicas para o preparo de pratos diferenciados, como a tilápia, a tainha e a sardinha.

Segundo informou Matheus Peçanha, economista e pesquisador do Ibre/FGV, diferentemente do ano passado, quando problemas climáticos e a desvalorização cambial afetaram tanto a produção nacional do campo como os importados, o problema de monções em 2022 e o fim da seca generalizada fizeram os produtos hortifrutigranjeiros assumir o protagonismo da inflação.

Entre os produtos que mais subiram, o economista destacou os relacionados aos hortifrútis, proteínas e importados, como couve (21,50%), batata-inglesa (18,43%), sardinha em conserva (16,44%), azeite (15,63%), azeitona em conserva (14,38%) e bacalhau (11,50%).

Peçanha informou que se o arroz fosse retirado da cesta a inflação dos itens de Páscoa seria superior ao IPC-M, alcançando 9,79%.

Alexandre Bastos, gerente de compras de uma peixaria da Vila Madalena, na Zona Oeste de São Paulo (SP, explica que os peixes são pescados no litoral brasileiro e levados para a exportação. “Estamos competindo diretamente com o mercado de exportação. Os peixes que sobram ficam a preço de exportação, a gente acaba pagando em dólar”, justifica.

Queda de 20% nas vendas

As vendas de peixes e pescados devem ter uma queda de 20% nesse feriado de Páscoa, na comparação com o ano passado. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca), a perda do poder de compra tem redefinido as escolhas de consumo das famílias, que optam por produtos semelhantes aos tradicionalmente consumidos na data.

Segundo a Abipesca, o consumidor tem optado por itens de menor qualidade, como no caso do bacalhau, em que a venda de lascas ou espécies semelhantes cresceram – uma economia que chega a 40%.

O diretor da Abipesca, Christiano Lobo, explica que o pessimismo com as vendas fez com que 30% da produção do setor ficasse estocada nas câmaras frias, longe do alcance do consumidor.

“Esse comportamento já era sentido antes, até mesmo na substituição de proteínas. No período de quaresma, o consumidor não comprou tanto peixe quanto de costume, recorrendo à carne de frango. Por outro lado, as classes E e D consumiram mais pescados em conserva, muitas vezes, a única proteína possível de subsidiar”, afirmou.

Ainda segundo o diretor da Associação, esse é o terceiro ano de queda em vendas desde a pandemia. O setor esperava uma recuperação neste ano, entretanto, o impacto da inflação no consumo das famílias não permitiu o aumento das vendas.

Segundo a FGV, além do desemprego, o número de trabalhadores que recebem até um salário-mínimo cresceu, enquanto os que possuem uma renda maior do que um salário, sofreu uma forte redução.

O economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), explica que com a diminuição do rendimento médio, as famílias vão optar por produtos mais baratos.

“Como o rendimento médio encolheu, o consumidor já vai ter dificuldade de adquirir o básico, quem dirá um alimento especial. O preço dos alimentos tradicionais de Páscoa, como azeite e bacalhau, nem subiram muito de preço, mas são mais caros que a média dos alimentos mais comuns”, afirma Braz.

O especialista ressalta ainda que o aumento no custo de produção dos pescados tem sido diretamente influenciado pela alta no peço do combustível e da energia elétrica.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a inflação acumulada nos último doze meses está em 11,3%. Em abril do ano passado, o índice acumulado estava em 6,5%.

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