Em carta enviada à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) na semana passada, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) aponta preocupação com o abastecimento de energia elétrica no País.
No documento, o órgão prevê “dificuldade no atendimento eletroenergético, pelo menos até o final deste ano” em razão do baixo nível dos reservatórios. O documento embasou a decisão da Aneel de autorizar cobrança extra na conta de luz dos consumidores a partir desta terça-feira (1º). Em 26 de maio, a Aneel havia anunciado que não haveria esse tipo de cobrança até 31 de dezembro deste ano, em razão da pandemia do novo coronavírus.
O nível dos reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste – responsável pela geração de cerca de 70% da energia consumida no País – está em 17,72% e do subsistema Sul em 18,25% da capacidade total. Além disso, de acordo com o ONS, as condições hidrológicas para o mês de dezembro são “desfavoráveis”.
O ONS diz que a situação crítica nos dois subsistemas persiste mesmo com as medidas já adotadas pelo CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico). Em outubro, o comitê autorizou o acionamento de usinas térmicas, cuja energia é mais cara, e a importação de energia da Argentina e do Uruguai.
Por essa razão, o ONS julga necessário o acompanhamento da evolução das condições hidroenergéticas no decorrer do mês de dezembro e considera importante a avaliação “por parte do CMSE da adoção de medidas adicionais visando a garantia do atendimento eletroenergético do SIN [Sistema Interligado Nacional] neste horizonte, bem como no início do ano de 2021”.
Na última sexta-feira, o CMSE realizou uma reunião extraordinária e decidiu propor o acionamento de térmicas que utilizam gás natural liquefeito – que precisam ser acionadas com 60 dias de antecedência – e a flexibilização de restrições hidráulicas das usinas hidrelétricas da bacia do São Francisco, de Ilha Solteira e de Três Irmãos.
O ONS avalia ainda no documento que, em outubro, a chamada Energia Natural Afluente, que mede a capacidade de geração da energia a partir da vazão de água de uma bacia para um reservatório, atingiu o mais baixo patamar dos últimos 90 anos. Em novembro, apresentou o segundo pior desempenho no mesmo período.
“Essa situação de afluências críticas vem acarretando um acentuado esvaziamento dos principais reservatórios do SIN, através da qual é possível verificar a deterioração das condições de armazenamento dos principais reservatórios de usinas que compõem os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Sul”, diz o órgão.