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A “bancarização” dos brasileiros

Nubank está entre os bancos digitais integrados ao Saxperto. (Foto: Reprodução)

Após dois anos de espera, a fintech Nubank finalmente recebeu autorização para atuar como instituição financeira. Na última segunda-feira, a autorização via decreto do presidente Michel Temer foi publicada no diário oficial da união. A nova classificação é importante pois dá mais liberdade e autonomia para a empresa, que não precisará mais realizar parcerias com os bancos do país para operar. O sistema financeiro é extremamente concentrado no Brasil. Cinco bancos controlam cerca de 90% do mercado. Os maiores prejudicados por essa concentração são os consumidores, que, durante muito tempo, e ainda hoje, têm de pagar caro por um atendimento de má qualidade.

Apesar da demora para obtenção da licença, por conta de burocracias que só atrapalham a atividade empreendedora, o Nubank vem obtendo ótimos resultados. A qualidade do serviço é justamente um dos diferenciais da empresa, que, mesmo sem investir em marketing, já recebeu aproximadamente 12 milhões de solicitações para emissão de cartões de crédito. Anuidade gratuita, juros menores do que a média do mercado e operação 100% digital também são atrativos fortes. Além disso, mais recentemente foram lançados o Nubank Rewards, que é um programa de pontos que não expiram, e o Nu Conta, uma conta digital sem custo de manutenção ou transação, na qual seu dinheiro rende automaticamente mais que a poupança.

A descentralização de mercados tradicionais como o financeiro tende a ser extremamente benéfica para a população. A ascensão de fintechs como o Nubank está obrigando os bancos tradicionais a se mexer para não perderem seus clientes. Além disso, essas empresas têm potencial de alcançar um público que os cinco maiores bancos não conseguiram, seja por falta de alcance, seja por desinteresse. David Velez, fundador do Nubank, fez a seguinte afirmação em entrevista ao site El País: “Hoje mais de 60 milhões de pessoas no Brasil não têm conta em banco, mas sim celular. Queremos ser a primeira conta desses brasileiros, queremos ajudar a bancarizar a população”. Como disse Thomas Sowell, a competição faz um trabalho muito mais eficiente que o governo para proteger os consumidores. Precisamos desburocratizar o Brasil, para que o empreendedorismo, a inovação e a livre-iniciativa possam trabalhar cada vez mais para benefício da população.

Victoria Jardim, engenheira e associada do IEE

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