O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) aumentou os juros em 0,5 ponto nesta quarta-feira (6), levando a Selic ao patamar de 11,25% ao ano. A decisão foi unânime. O movimento era esperado pelo mercado e mostra a aceleração do aperto da política monetária iniciado no último encontro, em meio à deterioração das expectativas para a inflação deste ano e de 2025.
“Esta alta já havia sido antecipada. Hoje seguimos com um cenário de atividade econômica nacional ainda muito resiliente e um mercado de trabalho que surpreende na geração de vagas. Essa conjuntura ajuda a explicar o porquê do lado da inflação não ter havido melhoras desde a última reunião. Além disso, ainda no cenário interno, há muitas dúvidas sobre a disposição do governo em cortar gastos e sobre a condução da política monetária sob nova presidência do Banco Central”, comenta o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn.
O presidente ainda complementa falando em um aspecto internacional: “No cenário externo, por sua vez, há os impactos decorrentes dos resultados das eleições americanas, as já existentes dificuldades econômicas da China e o crescente risco geopolítico no Oriente Médio que, associados a fatores internos, colaboram para a desvalorização cambial. O aumento de 0,50 p.p. nesse sentido, além de diminuir o ímpeto de demanda, reduzindo a inflação corrente, busca contribuir para a reancoragem das expectativas, via ganho de credibilidade. Mas isso vem a um custo alto. Esse aumento da taxa de juros tem um impacto relevante sobre famílias e empresas, especialmente no caso do Rio Grande do Sul que ainda luta para se reconstruir. O controle dos gastos públicos tem papel fundamental para reduzir a alta e o tempo em que as taxas permanecerão elevadas.”