O Banco Central anunciou realizará dois leilões de linha no mercado de câmbio nesta egunda-feira (20). Ambos terão captação de, no máximo, US$ 2 bilhões. Este tipo de intervenção tem como objetivo inserir dólar no mercado de câmbio, mas há compromisso de recompra pela autoridade monetária em momento posterior.
Esta é a primeiro intervenção no mercado de câmbio em 2025, depois de um montante histórico injetado pelo BC no mês de dezembro passado. É também a primeira intervenção anunciada pelo BC presidido por Gabriel Galípolo, que assumiu o posto no dia primeiro de janeiro.
Esta segunda será marcada pelo feriado de Martin Luther King Jr., nos EUA. Tanto as Bolsas quanto os mercados de títulos não operam, diminuindo a liquidez global da moeda americana diante do menor apetite dos investidores.
Fuga recorde
O mês de dezembro foi marcado por uma saída recorde de dólares do Brasil. O fluxo cambial no último mês do ano passado registrou um saldo negativo de US$ 26,41 bilhões, o pior número registrado pela série histórica. O desequilíbrio veio pelo fluxo financeiro — que contabiliza investimentos e remessa de lucros e dividendos —, que teve um saldo negativo de US$ 28,8 bilhões.
O dado foi atenuado pela conta comercial, que contabiliza o saldo de exportações e importações. Houve uma entrada, em dezembro, de US$ 2,45 bilhões via conta comercial.
No mês passado, as intervenções do BC somaram US$ 32,574 bilhões, sendo R$ 21,574 (ou 66%) em leilões à vista, quando não há compromisso de recompra.
Estas intervenções levaram o montante total das reservas internacionais do Brasil recuarem 7,1% em 31 de dezembro de 2024 em relação ao patamar registrado mesmo período do ano anterior.
O montante funciona como uma espécie de “poupança” que o governo faz em moedas estrangeiras, para que sejam usadas em caso de crises internacionais.
Histórico
No mês passado, o BC realizou catorze intervenções na moeda, entre leilões de linha e no mercado à vista. O último foi no dia 30 de dezembro, antes dos mercados fecharem para as comemorações de ano novo.
* 12 de dezembro: BC realiza dois leilões de linha, no total de US$ 4 bilhões
* 13 de dezembro: BC vende US$ 845 milhões no mercado à vista
* 16 de dezembro: BC interviu com US$ 4,627 bilhões, sendo US$ 3 bilhões em leilão de linha e US$ 1,627 bilhão no mercado à vista
* 17 de dezembro: BC interviu com US$ 3,287 bilhões no mercado à vista
* 18 de dezembro: não houve intervenção
* 19 de dezembro: BC vendeu US$ 8 bilhões no mercado à vista
* 20 de dezembro: BC vendeu US$ 7 bilhões, sendo US$ 3 bilhões em leilão à vista e US$ 4 bi em dois leilões de linha
* 26 de dezembro: BC vendeu US$ 3 bilhões no mercado à vista
* 30 de dezembro: BC vendeu US$ 1,815 bilhão no mercado à vista
Leilão à vista
Essa operação é caracterizada pela venda direta de dólar no mercado, com recursos oriundos das reservas internacionais brasileiras. O uso deste mecanismo é mais raro, pois o Banco Central procura evitar a queima das reservas. Mas recorreu a essa operação em 2009, na crise financeira global, e na pandemia de covid.
Leilão de linha
Consiste na oferta de dólares pelo Banco Central com compromisso de recompra mais à frente, a fim de fazer uma injeção pontual da moeda no mercado. Em última instância, essa operação não altera as reservas, porque os recursos serão recomprados futuramente.