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Economia Banco Master “esconde” investimentos de risco em fundos; valor pode ser o dobro do que aparece no balanço

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O Banco Master tem pelo menos R$ 16 bilhões em precatórios e pré-precatórios, de acordo com pessoas a par dos números da instituição. (Foto: Divulgação)

O Banco Master tem pelo menos R$ 16 bilhões em precatórios e pré-precatórios, de acordo com pessoas a par dos números da instituição. O valor é quase o dobro da cifra desses ativos que consta em seu balanço, uma vez que parte deles está alocada em fundos de investimento.

Tanto os precatórios – dívidas que os governos são obrigados a pagar por decisões da Justiça – quanto os direitos creditórios – uma espécie de pré-precatório, porque ainda não há sentença de pagamento – são ativos considerados de risco mais alto para os bancos porque têm baixa liquidez – ou seja, são difíceis de vender no curto prazo caso as instituições financeiras necessitem de recursos para honrar dívidas.

Em seu balanço de 2024, o Master afirma ter R$ 158 milhões em precatórios e R$ 8,5 bilhões em direitos creditórios. O restante desses ativos, segundo fontes envolvidas na operação de venda do banco, estaria alocado em fundos e outras empresas da holding, como os bancos Voiter e Will. Procurado, o Master não se pronunciou.

Controlado pelo empresário Daniel Vorcaro, o Master está sob os holofotes do mercado financeiro e de autoridades após ter recebido uma oferta de compra de 58% de seu capital total pelo Banco de Brasília (BRB), controlado pelo governo do Distrito Federal.

A operação, estimada em R$ 2 bilhões, ainda precisa ser aprovada pelo Banco Central e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Nesta sexta-feira, 11, Vorcaro se reúne com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.

Desde o início, o BRB descartou a carteira de precatórios do Banco Master e fez uma proposta de compra para outras partes do negócio, como o cartão de crédito consignado.

A engenharia financeira do Master, que alocou boa parte dos seus ativos em fundos, chamou a atenção da KPMG, que auditou e aprovou o balanço do banco. Cerca de um terço do total de ativos está alocado em fundos (R$ 19,5 bilhões), de difícil estimação de preço e de valorização.

Desse total, R$ 10,2 bilhões estão em fundos de investimentos de direitos creditórios, ou seja, de recebimento de dívidas. Dentro do conglomerado do Banco Master SA, há 16 fundos registrados como sendo de direito creditório. Cinco deles são da categoria “não padronizados” – ou seja, podem ter precatórios ou títulos oriundos de dívidas judiciais.

As informações não são totalmente transparentes, uma vez que há fundos que divulgam balanços, enquanto outros apresentam apenas informes trimestrais com variações numéricas.

Um destes fundos é o C3E, que detém R$ 215 milhões em direitos creditórios derivados de uma ação judicial contra a Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE) do Rio Grande do Sul na 1ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre. Ainda não há julgamento da causa, nem data de vencimento estimada.

Há ainda fundos de dívida que não constam no mapa prudencial do Master SA, mas fazem parte do seu balanço e ajudaram de forma indireta a turbinar o patrimônio do banco no ano passado. O patrimônio do banco dobrou em 2024 – o que contribuiu para manter o Master dentro dos requisitos mínimos exigidos pelo Banco Central para seguir operando.

Entre estes fundos está o AZO – pertencente ao Will Bank, subsidiária do Master –, que possui R$ 724 milhões em precatórios ligados ao Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER). No ano passado, o banco registrou uma valorização de 10,85% desse fundo.

Embora o Will faça parte da proposta feita pelo BRB pelo Master, a carteira de precatórios não estaria incluída na transação, assim como direitos creditórios e participações em empresas.

Bancos costumam comprar precatórios de credores pagando valores menores para depois receber as quantias cheias e assim ter lucro. No mercado, os precatórios e pré-precatórios são vendidos com desconto.

No caso dos precatórios, os bancos pagam de 70% a 80% do valor de face (nominal), já que são processos transitados em julgado e que aguardam a liberação da ordem de pagamento. Os pré-precatórios são vendidos a cerca de 20% do valor de face, porque os casos ainda não foram concluídos e há risco de derrota nos tribunais ou de demora maior para a conclusão.

Por isso, esses ativos, embora arriscados, podem ser bastante rentáveis e, portanto, atraentes para as instituições financeiras que tenham menos necessidade de liquidez.

Nos últimos três anos, o Banco Master quase quadruplicou o montante de precatórios e direitos creditórios em seu balanço. O peso desses ativos tem despertado desconfiança nos agentes financeiros sobre a capacidade de o banco fazer frente aos pagamentos elevados de CDBs que tem no curto prazo.

Uma norma editada pelo Banco Central em outubro de 2023 abriu uma brecha para que o Master e outras instituições financeiras não fossem obrigadas a contabilizar o risco de precatórios e direitos creditórios que já carregavam em seu balanço. Com isso, o Master pôde continuar operando sem a necessidade de receber mais aportes por parte dos sócios ou ser obrigado a vender ativos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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