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Brasil Bancos e agências de risco pioram as projeções para a economia brasileira em meio à crise política

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Em números absolutos, a arrecadação federal com tributos ligados à atividade econômica subiu para R$ 785,8 bilhões até setembro deste ano. (Foto: Reprodução)

A eclosão da crise política envolvendo o governo de Michel Temer após as delações da JBS fez alguns bancos e consultorias piorarem as suas expectativas em relação à recuperação da economia brasileira neste ano. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, chegou a dizer que o próprio governo irá rever as suas expectativas, mas depois voltou atrás.

De 14 bancos, agências de risco e consultorias pesquisados pelo site G1, incluindo também o boletim Focus (relatório do Banco Central que reúne a média das projeções de mercado), houve sete reduções no crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 2017. Outras sete instituições mantiveram as previsões feitas antes de maio – mês em que surgiram as primeiras notícias sobre as gravações que o empresário Joesley Batista fez de conversa com o presidente Temer.

A piora nas expectativas acontece em meio a incertezas de que o governo Temer será capaz de aprovar no Congresso medidas econômicas consideradas necessárias para reaquecer a economia, como a reforma da Previdência. Enquanto isso, outros economistas avaliam que o impacto da crise política pode ser mitigado.

Por que reduzir a previsão?

Após as delações da JBS, o banco Fator reduziu sua projeção de alta do PIB de 1% para 0,4% em 2017. Para 2018, também houve piora nas estimativas, com o crescimento esperado passando de 2,3% para 1,7%.

A justificativa principal para a piora da previsão é o abalo na confiança dos empresários. Isso faria os investimentos, já cambaleantes, ficarem ainda mais reduzidos. Essa é a explicação de José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do banco. Segundo ele, isso se agrava em meio a um cenário de investimentos públicos em queda e consumo fraco, o que deixa o PIB sem um elemento suficientemente forte para puxá-lo para cima.

“Os investimentos do setor privado não vão acontecer. E os do governo, ao contrário, estão caindo”, acrescenta Gonçalves, citando a PEC do teto dos gastos, regra aprovada pelo Congresso que proíbe o governo de elevar suas despesas acima da inflação.

“Precisa lembrar que o governo vendeu a reforma da Previdência como forma de viabilizar a PEC do teto”, acrescenta Gonçalves. “Ou seja, é bastante razoável imaginar que essa PEC do teto está em risco. Corremos o risco de ter uma emenda constitucional que não pega.”

O economista credita a expectativa de piora da confiança às dificuldades do governo em aprovar no Congresso medidas para tentar reaquecer a economia, citando especialmente a reforma da Previdência. “Tudo que depende de negociação do governo passa a ser muito difícil de passar esse ano, principalmente como foi pensado, como foi enviado pelo governo para o Congresso.”

Gonçalves acredita que, apesar do cenário turbulento, o presidente Temer irá permanecer no cargo. “Do ponto de vista político, é mais interessante acalmar a situação para todos os partidos, à exceção talvez de um ou outro da oposição atual. Então, eu acho que isso retira um pouco da pressão sobre o presidente”, avalia. “De outro lado, é difícil imaginar que exista um sucessor. Então, nosso cenário é de que a situação fica como está, em princípio até a eleição do ano que vem.”

A piora nas expectativas para o ano que vem também se deu pela expectativa de mais dificuldades para a aprovação da reforma da Previdência, especialmente por causa das eleições de 2018.

Expectativas do governo

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, admitiu no final de junho que o crescimento da economia em 2017 será menor do que o governo previa. A estimativa oficial era de 1%, e foi reduzida para 0,5%. Em coletiva de imprensa em São Paulo, o ministro diz que o crescimento será ainda menor.

Semanas depois, Meirelles voltou atrás e disse que o governo vai manter em 0,5% a sua projeção oficial de crescimento do PIB. “Nós continuamos com a previsão de crescimento. Vamos manter em 0,5% a estimativa de alta do PIB neste ano”, afirmou ele a jornalistas na Alemanha, onde participou da reunião do G20. (AG)

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