Quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 22 de julho de 2023
As Lojas Americanas discutem um novo plano de recuperação judicial com os credores, que registraram objeções, ao apresentado pela varejista há um mês. Os credores tinham 30 dias para pedir mudanças. As conversas continuam e credores devem reunir-se com a Americanas na próxima semana. Entre as manifestações dos bancos contra o plano estão o deságio de 60% na dívida e o aporte de R$ 10 bilhões na empresa pelos acionistas de referência do grupo – Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles. Segundo fontes, tais pontos podem ser alterados e alguns credores continuam a insistir para que o aporte suba para R$ 12 bilhões. A recuperação judicial da varejista envolve dívidas de mais de R$ 40 bilhões.
Além de BTG Pactual, Bradesco, Santander e Safra, apresentaram objeções os detentores de títulos de dívida emitidos no exterior. Este grupo, mais ácido, chamou o plano de “salvo-conduto para responsáveis por fraudes confessadas” e questionou um suposto privilégio dos bancos no recebimento de créditos.
Exceto o Santander, bancos e donos de títulos criticaram a previsão de que credores não poderão mais ir à Justiça se o plano for aprovado. Advogados dos donos de títulos veem excesso de proteção para blindar terceiros com influência na apresentação do plano – acionistas e administradores, principalmente.
O Banco BTG Pactual e o Bradesco centraram as objeções no montante do aumento de capital e no deságio das dívidas. O Bradesco questiona ainda a ausência da publicação dos balanços de 2022 e de 2023, sem os quais não é possível avaliar o plano. O Santander diz que o plano não garante a viabilidade das operações da companhia.
As Lojas Americanas vem adiando a publicação dos números, embora tenha admitido que uma fraude nos resultados levou ao rombo de R$ 20 bilhões. Dado que todos os registros financeiros da empresa dos últimos anos devem ser revistos, a melhor estimativa para que esses números venham à tona é 31 de agosto. O prazo dificulta o desfecho do acordo até setembro, data antes considerada realista pela empresa para aprovar o plano.
Relembre o caso
No dia 11 de janeiro a Americanas anunciou, em comunicado ao mercado, a renúncia do então CEO, Sergio Rial, e do diretor de relações com investidores, André Covre, após menos de 10 dias no cargo. O fato relevante também revelou a descoberta de inconsistências contábeis na empresa, estimadas inicialmente em R$ 20 bilhões – depois, o número passaria a R$ 40 bilhões.
Na ocasião, a empresa afirmou que as inconsistências foram apuradas pela área contábil em dados de anos anteriores, incluindo 2022. Com a renúncia de Rial, o conselho de administração nomeou interinamente João Guerra para diretor-presidente e diretor de Relações com Investidores.