Quinta-feira, 23 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 6 de dezembro de 2023
A surpresa positiva com o PIB do terceiro trimestre – de 0,1%, contra mediana de -0,2% na pesquisa Projeções Broadcast – e as revisões na série histórica consolidaram no mercado a percepção de um crescimento da atividade econômica ao redor de 3% em 2023.
Citi (3,1%), Bank of America (3,0%) e Itaú Unibanco (2,9%) mantiveram suas projeções. Casas que estavam menos otimistas promoveram revisões, como G5 Partners (2,8% para 3%) e Ativa Investimentos (2,5% para 2,9%). Outras adicionaram viés de alta às estimativas, como a SulAmérica Investimentos (2,8%). O Santander Brasil colocou em revisão a sua estimativa, de 2,5%.
“O grande destaque foi o resultado surpreendentemente positivo dos serviços, que compõem quase 70% do PIB. As pesquisas de alta frequência do período mostravam um desempenho bem menos expressivo”, diz o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, que também aumentou a projeção para o PIB de 2024, de 1,3% para 1,5%. Mas ele frisa que os dados não mudam o diagnóstico de desaceleração da economia. “A questão é que o processo de arrefecimento tem se demonstrado menos abrupto do que o imaginado.”
Embora também tenha sido surpreendido pelo desempenho do PIB de serviços, o economista do PicPay Igor Cadilhac conservou sua projeção de crescimento de 2,9% para 2023.
O Barclays também está entre as instituições que mantiveram as projeções para o PIB de 2023. O banco britânico vê alta de 2,8% para a atividade este ano, avalia o economista para Brasil da instituição, Roberto Secemski, em relatório.
Índice estagnado
Os dados do PIB brasileiro no terceiro trimestre divulgados pelo IBGE mostram uma economia estagnada. O crescimento de 0,1% até veio melhor que o esperado pelo mercado (-0,2%), mas é um crescimento praticamente estatístico. Serve para livrar o País de uma recessão técnica (quando há dois trimestres seguidos de queda) que se avizinhava, já que as projeções para o quarto trimestre não são das melhores. Mas não é um quadro dos mais animadores.
O resultado do período de julho a setembro foi muito influenciado pelo agronegócio, que caiu 3,3% em relação ao segundo trimestre. A indústria cresceu 0,6%, mesma alta registrada pelos serviços. O consumo do governo subiu 0,5%, enquanto o consumo das famílias teve o melhor desempenho, com alta de 1,1%.
Mas dois dados importantes chamam a atenção negativamente. A taxa de investimentos da economia, que o IBGE chama de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) voltou a cair. Estava em 17,2% do PIB no segundo trimestre, um número já considerado bastante baixo, e ficou em 16,6% no terceiro trimestre. Para muitos analistas, uma taxa considerada razoável, dadas as nossas características de país emergente, seria de 25%. A taxa de poupança também caiu. Era de 16,9% no segundo trimestre, e agora ficou em 15,7%.
Esses são números importantes porque dão indícios de para onde caminha a economia. Representam, por exemplo, o vigor das empresas, a vontade de investir em máquinas, em processos que elevem a produtividade. Em última instância, mostram a confiança que as pessoas e empresas têm no futuro do País. E, levando-se em conta esses dados, essa confiança vem caindo.