Sexta-feira, 15 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 16 de novembro de 2019
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Brasília virou o centro do mundo. Os mandões de quatro países desembarcaram no Aeroporto Juscelino Kubitschek. Eles, com o nosso, abrigam 42% da população do planeta. O quinteto é tão importante que se tornou sigla — Brics. O nome se formou com as iniciais dos membros: B de Brasil, r de Rússia, i de Índia, c de China e s de África do Sul (em inglês, South Africa).
O grupo mereceu manchete em Europa, França e Bahia. Ocupou páginas de jornais e minutos na tevê. Sites e blogues acompanharam o vai e vem dos chefes de Estado. Mas uma vacilação marcou o noticiário. Singular ou plural? Alguns ficaram com o Brics. Outros, os Brics. E daí?
O pomo da discórdia foi o s de Brics. Ele não marca o plural. É o s inicial de South Africa. Conclusão: Brics joga no time de Mercosul. É singular: O Brics se reuniu em Brasília. Os representantes do Brics se cercaram de segurança na capital. O banco do Brics promete fazer investimentos nos países-membros.
Brasil anfitrião
Na mitologia grega, Anfitrião era marido de Alcmena. Ele foi lutar na guerra de Tebas. Oba! Zeus, o deus dos deuses, estava de olho na bela mulher. Como sempre faz, disfarçou-se para conquistar a jovem. A paixão foi mútua. Do amor de ambos, nasceu o semideus Hércules, o herói dos 12 trabalhos.
Ao voltar, o marido soube do ocorrido. Reação? Ficou lisonjeado por ser marido de uma escolhida por Zeus. A partir daí, anfitrião virou substantivo comum. Passou a ter o sentido de quem recebe em casa. Bolsonaro foi anfitrião dos mandachuvas do Brics.
Modelo
Os árabes são considerados os melhores anfitriões do mundo. Eles ensinam aos filhos:
— Se você tiver só um pão em casa, coma a metade. Deixe a outra metade para quem bater à sua porta.
Bem-vinda, Rússia
Russo, o originário da Rússia, forma compostos. Olho na grafia! Os adjetivos pátrios pedem hífen (russo-americano, russo-brasileiro, russo-germânico). Os demais compostos mandam o tracinho pras cucuias: russofobia (pavor de russo), russófilo (amigão dos russos).
Tá ruço
Sem confusão, marinheiros de poucas viagens. Russo e ruço não se conhecem nem de elevador. Russo é o natural ou originário da Rússia. Ruço quer dizer pardacento, complicado: A coisa está ruça. O conflito ficou ruço. Os russos adoram vodca, mas ficam longe de situações ruças.
Sem confusão
Indiano ou hindu? Quem nasce na Índia é indiano: Os indianos são falantes, sorridentes e coloridos. Com os indianos, aprendi a filosofia da não violência. Os indianos adoram filmes… indianos.
Hindu joga em outro time. Quer dizer seguidor do hinduísmo: Há hindus nos cinco continentes. Há templos hindus em sua cidade? Na minha há.
Tudo passa
Quem diria! Na campanha eleitoral, Bolsonaro demonizou a China. Agora, considera-a nosso maior parceiro comercial. Confirmam-se, assim, dois ditados. Um: não há bem que sempre dure nem mal que nunca se acabe. O outro: as nações não têm amigos, têm interesses.
Para manter as relações em alto nível, bobear é proibido. Na formação de compostos, o adjetivo referente a chinês é sino: relações sino-brasileiras, acordo sino-americano, obra sino-francesa.
Mesmo jeitinho
Quem nasce na África do Sul é sul-africano. Quem nasce na Coreia do Sul é sul-coreano. Quem nasce em Mato Grosso do Sul é sul-mato-grossense.
Norte joga no mesmo time. Pede hífen ao formar adjetivos compostos: norte-coreano, norte-americano.
Leitor pergunta
Soube que se deve evitar o verbo tentar. Verdade? Por quê? — Tamara Costa, Brumadinho.
Os psicólogos ensinam: “Quem quer ser afirmativo dispensa o verbo tentar”. Com ele a pessoa fica em cima do muro. Não assume compromisso. Compare a diferença: Vou tentar concluir o trabalho hoje. Vou concluir o trabalho hoje.
Percebeu? Na primeira frase, o falante vacila. Na segunda, mostra firmeza.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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