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Banqueiros alertam o ministro da Fazenda para que o governo afaste o populismo político

Os banqueiros ficaram satisfeitos com a disposição do ministro em explicar as medidas de contenção de despesas. (Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou cedo na última sexta-feira (29) ao almoço anual dos banqueiros, em São Paulo, antes mesmo da cúpula da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). O clima no local era reticente, um dia após forte reação negativa do mercado financeiro ao pacote do corte de gastos. Em uma sala VIP, o chefe da equipe econômica ouviu três mensagens: “Que dureza!”, exclamou um dos presentes, segundo relatos. “Siga firme”, orientou outro. “Como podemos ajudar?”, indagou o terceiro.

Os banqueiros ficaram satisfeitos com a disposição do ministro em explicar as medidas de contenção de despesas. Apesar de ter sido coincidência o encontro cair no dia seguinte ao anúncio do pacote, pois já estava marcado, Haddad deixou evidente que estava ali para tirar todas as dúvidas sobre as intenções do governo. A vontade era tanta que, entre fazer um discurso no púlpito e ser sabatinado, ele preferiu a segunda opção, o que surpreendeu. Foi, então, entrevistado pelo presidente da Federação, Isaac Sidney, e pelo diretor de Comunicação da entidade, João Borges.

Além de Haddad, também estavam presentes as ministras Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Esther Dweck (Gestão e Inovação) e o futuro presidente do Banco Central e atual diretor de Política Monetária da instituição, Gabriel Galípolo. Os banqueiros viram no comparecimento em massa um esforço da equipe econômica para convencer que o País entrará em uma trajetória fiscal sustentável.

Haddad foi submetido a perguntas duras e diretas, mas disse que acredita mesmo na necessidade de se equilibrar as contas públicas. O ministro arrancou risos do público quando admitiu que, por outro lado, é sempre necessário convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a embarcar em medidas de ajuste. Ele argumentou, contudo, que essa é uma característica legítima de Lula como político.

Justamente pelo componente político de Lula, os banqueiros deram uma condição para acreditar que o compromisso com o corte de gastos é real: deixar claro que a antecipação do anúncio sobre a faixa de isenção do Imposto de Renda foi um “erro de comunicação” do Planalto e não uma estratégia deliberada para contaminar o debate e fazer politicagem. O conselho foi para tratar os assuntos de forma separada, para evitar a impressão de que foi populismo político. Ao passar essa imagem, o governo dá outros sinais negativos do que virá pela frente.

Aliado do Planalto, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), presente no almoço, afirmou que ninguém tem dúvidas de que o governo está no caminho certo, mas também deu um “puxão de orelha” ao concordar com a avaliação de que o anúncio do IR foi um erro de comunicação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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