A polêmica em torno da privatização ou não do Banrisul e da Corsan, a companhia de saneamento gaúcho, retornou ontem com força total, depois que a secretária-executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi, em entrevista à rede RBS deixou claro que, sem a privatização destas duas empresas estatais, não há como renegociar a dívida com a União. A declaração contraria o que diziam o governador Sartori e seu vice Paulo Cairoli na campanha eleitoral.
Garantias são as melhores
O Banrisul é uma joia em termos de rentabilidade e posicionamento no mercado. Avaliado em cerca de R$ 4,5 bilhões, é objeto de cobiça. A Corsan, avaliada em cerca de R$ 2,5 bilhões, seria também excelente ativo para garantir a renegociação da dívida do Estado. Bem melhor que estatais problemáticas como a CEEE, Companhia Estadual de Energia Elétrica, ou a CRM, a Companhia Riograndense de Mineração. A Sulgás, das três, é aquela que encontra-se em melhor situação, mas necessita de grandes investimentos para manter sua operação.
Muda toda negociação?
A declaração pegou de surpresa os gaúchos, que cansaram de ouvir do governador José Ivo Sartori e do seu vice, José Paulo Cairoli, a garantia de que Banrisul e Corsan estavam fora da negociação e do texto do pré-acordo que está para ser assinado. O vice, que cuidou da renegociação da dívida, jura que nunca se cogitou na privatização de Banrisul e Corsan.
Campanha eleitoral terminou?
Esta nova polêmica passa a ideia de que a campanha eleitoral ainda não terminou. O atual e o futuro governo trocam farpas sobre o tema. O discurso do governador eleito Eduardo Leite sempre foi na direção de mudar cláusulas do acordo. Agora vê-se que o governo federal vai endurecer, o que sinaliza que um outro acordo no futuro teria cláusulas ainda mais rigorosas para renegociar a dívida.
Futuro dramático
Nessa toada, a única certeza é de que, sem a negociação da dívida do Estado com a União, um quadro que já é dramático, ficaria insustentável já a partir do primeiro mês do próximo governo. Sem contar da dificuldade que vem sendo encontrada na Assembleia Legislativa para aprovar a manutenção das alíquotas mais elevadas do ICMS por mais dois anos.
Governo fez uma escolha
Estra semana, o governo gaúcho fez uma escolha, que bem demonstra o grau de dificuldades para a tomada de decisões mais arrojadas. Entre concluir o pagamento da folha do mês de outubro dos
seus servidores, ou repassar os duodécimos aos demais poderes, ambas obrigações constitucionais, preferiu não brigar com a parte mais forte. Pagou os duodécimos ao Judiciário, Legislativo e ao Ministério Público e preferiu atrasar a quitação folha dos seus servidores para pagar quando isso for possível.