A base do governo na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos antidemocráticos articula uma série de convocações para aprofundar as investigações sobre o suposto esquema, que é alvo de investigação por parte da Polícia Federal (PF), por conta da venda de joias e outros itens dados a Jair Bolsonaro enquanto ocupava a cadeira de presidente da República.
Além dos requerimentos para ouvir o depoimento de personagens que estão na mira da PF, há também pedidos de recolhimento dos passaportes de Bolsonaro e de sua mulher, Michelle Bolsonaro.
Parlamentares desejam ouvir na Comissão o general Mauro César Lourena Cid, o tenente Osmar Crivelatti e o advogado Frederick Wassef.
Os três foram alvos de mandados de busca e apreensão na última sexta-feira (11). A Polícia Federal investiga o papel de cada um no suposto esquema. Bolsonaro e Michelle também são alvos de requerimentos para que prestem depoimentos, todavia, há uma avaliação que o assunto não deve ser tratado neste momento e, caso haja acordo para chamá-los, seria algo a ser feito apenas quando a CPMI entrar na reta final.
O presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (União-BA), não deseja apurar o esquema e considera que entrar no assunto seria fazer da comissão um “palco de discussões estranhas” ao 8 de janeiro.
Há depoimentos marcados para esta terça (15) e quinta-feira (17), todavia, ainda não existe previsão de votação de requerimentos. Entretanto, o governo tem maioria no colegiado e faz questão de entrar no assunto.
O deputado Rubens Júnior (PT-MA) afirmou que a base do governo vai ter que “construir essas convocações” para superar a discordância de Maia.
No requerimento em que pede a convocação de Wassef, o parlamentar salienta que um dos objetivos da CPMI é apurar os “instigadores” e a cadeia de acontecimentos que resultou no 8 de janeiro, o que inclui a arrecadação de recursos via negociações de itens de luxo.
Wassef disse, em nota, que “nunca vendeu, ofereceu ou teve posse de nenhuma joia, tampouco auxiliou vendas, de forma direta ou indireta”.
Lourena Cid é pai do tenente-coronel Mauro Cid, que foi chefe da ajudância de ordens da Presidência na gestão de Bolsonaro.
Mauro Cid já esteve na CPMI, mas optou por ficar em silêncio. Ainda existe um requerimento para convocar Maria Farani, ex-assessora que auxiliou Mauro Cid a redigir uma mensagem em inglês para procurar compradores para o relógio. Na última sexta, o Exército afirmou que “não compactua com eventuais desvios de conduta de seus integrantes”.
O deputado Rogério Correia (PT-MG) discorda do presidente do colegiado e avalia que investigar o assunto tem conexão com os atos golpistas.
“As joias serviram para acumular recursos para Bolsonaro fugir do país e provisionar recursos para a tentativa de golpe. É uma hipótese de investigação necessária.”
O parlamentar também é autor de um pedido de CPI, esta limitada à Câmara, para investigar o episódio das joias. A solicitação tem 111 das 171 assinaturas necessárias e foi feita em março, logo após o caso ser revelado.
Gabriela Cid, mulher de Mauro Cid, é outra que os governistas tentam convocar.