Terça-feira, 26 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 26 de novembro de 2024
A Polícia Federal (PF) revelou que um de seus agentes, Wladimir Matos Soares, foi preso sob acusação de se infiltrar na segurança do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para repassar informações sensíveis a um grupo golpista.
A descoberta veio à tona após análises do material apreendido em posse de Sérgio Rocha Cordeiro, capitão da reserva do Exército e assessor especial do Gabinete Pessoal do Presidente da República.
De acordo com a investigação, Wladimir forneceu detalhes estratégicos sobre o esquema de segurança de Lula. Em um áudio enviado a Sérgio Cordeiro, o agente descreve movimentações específicas da equipe de segurança:
“(…) como rolou aquela situação no prédio da Polícia Federal, ontem, eles acionaram a equipe do COT. E uma equipe do COT, como o LULA estaria ali no prédio, né, do, do MELIÁ, é… uma equipe do COT ficou à disposição, próxima. Então, eles hospedaram essa equipe do COT aqui no WINDSOR (…)”.
Além das informações de segurança, o agente expressou, em mensagem direta, sua disposição para atuar em um Golpe de Estado.
Em tom enfático, afirmou: “Eu e minha equipe estamos com todo equipamento pronto p ir ajudar a defender o PALÁCIO e o PRESIDENTE. Basta a canetada sair!” A frase evidencia sua adesão à tentativa de ruptura institucional, que estava em andamento naquele período.
A investigação aponta que as ações de Wladimir demonstram não apenas quebra de dever funcional, mas também uma clara participação nas articulações golpistas, que tinham como objetivo impedir a posse do presidente eleito e manter Jair Bolsonaro no poder. O caso segue sendo investigado e pode levar a novos desdobramentos.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), enviou, nessa terça-feira (26), o relatório da Polícia Federal que indicia 37 pessoas por tentativa de golpe de Estado para a Procuradoria-Geral da República (PGR).
Moraes também determinou nessa terça a queda do sigilo do relatório e de investigações correlatas. Entretanto, a delação premiada do tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, seguirá sob sigilo.
Após o recebimento do relatório, uma das possibilidades para a PGR é apresentar uma denúncia, ou seja, uma acusação formal de crimes na Justiça.
Isso só deve acontecer de fato a partir de fevereiro de 2025, segundo integrantes da procuradoria afirmaram ao portal de notícias g1. Isso, porque o relatório tem mais de 800 páginas e faltam poucos dias para o início do recesso de fim de ano, que coloca a análise em marcha lenta.
Se decidir por acusar formalmente o grupo no STF, a Procuradoria não precisa necessariamente seguir as conclusões da PF.
Ou seja, na prática, pode ampliar ou diminuir o rol de crimes, entender que foram configurados outros delitos, concluir de forma diferente sobre a contribuição de cada um dos denunciados para os atos ilícitos. São vários os cenários possíveis para as apurações envolvendo a tentativa de golpe de Estado.