Sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Brasil Os bastidores da disputa pelo espólio do outrora poderoso PSDB

Compartilhe esta notícia:

Desde a eleição municipal, intensificaram-se as conversas com lideranças de outros partidos, e a decisão sobre qual será o destino do espólio do PSDB é só uma questão de tempo. (Foto: Reprodução)

O ano de 2025 será o triste epílogo de uma história de mais de três décadas na política nacional. Após comandar o país entre 1995 e 2002 e ser o principal partido de oposição nas décadas seguintes, o PSDB tem experimentado o declínio, principalmente após 2018, quando o bolsonarismo roubou-lhe o posto de principal adversário do PT e passou a abrigar os eleitores identificados com a direita.

Aos reveses que tem sofrido, como a derrota em redutos importantes, a debandada em massa de prefeitos para outras legendas e a perda de relevância nas discussões dos principais temas nacionais, soma-se uma preocupação real: o enxugamento das bancadas no Congresso, principalmente na Câmara, o que aumenta a apreensão interna sobre a possibilidade de desaparecimento, pela linha de corte imposta pela cláusula de barreira.

Algum tipo de associação com partidos maiores pode ser a tábua da salvação para os tucanos que têm mandato. Sem isso, há risco real de a legenda ficar sem o fundo partidário e sem tempo de televisão e rádio para propaganda eleitoral. Desde a eleição municipal, intensificaram-se as conversas com lideranças de outros partidos, e a decisão sobre qual será o destino do espólio do PSDB é só uma questão de tempo.

Os tucanos hoje estão federados com o Cidadania, mas a aliança acordada há apenas três anos é alvo de críticas em ambos os lados e deve ser desfeita em maio. Há conversas sobre se fazer um acordo parecido com Podemos e Solidariedade, mas não existe muito otimismo quanto ao avanço nessas frentes.

As negociações mais promissoras envolvem siglas maiores, como o PSD, de Gilberto Kassab, que deseja incorporar a legenda. Já o Republicanos propõe a fusão das siglas. O MDB também faz acenos para os tucanos — nessa hipótese, eles fariam uma espécie de volta para casa pela porta dos fundos, pois o PSDB surgiu em 1988 exatamente de uma costela do MDB, com o discurso de separar de lá a elite política para construir o projeto da social-democracia, inspirado nos grandes exemplos europeus.

Apesar da fase acelerada de decadência, o partido dos tucanos ainda tem valor na praça. Com os treze deputados do PSDB, qualquer uma dessas legendas teria a terceira maior bancada da Câmara. Divergências entre quadros locais e os instrumentos jurídicos necessários pesam na decisão.

Em uma fusão, os dirigentes das siglas envolvidas precisam elaborar um estatuto comum, resultando na extinção dos grupos originais e no surgimento de uma nova legenda, com nome, número de registro e programa próprios. No caso de uma incorporação, movimento comparado a uma “fagocitose” partidária, apenas o partido incorporado deixa de existir, enquanto o incorporador pode manter a identidade e a estrutura já existentes.

A proposta de incorporação ao PSD, de Gilberto Kassab, foi mal recebida pelo deputado federal Aécio Neves (MG), umas das principais lideranças tucanas. “Está fora de cogitação, não só em relação ao PSD, mas a qualquer partido. Acho, inclusive, um desrespeito ao PSDB e a sua história a proposta de incorporar o partido para resolver meia dúzia de situações regionais”, afirma.

O diálogo com o Republicanos ocorreu na esteira da ascensão do deputado Hugo Motta (PB) à presidência da Câmara, no início do mês, e do estreitamento com a bancada tucana. A proposta ganhou a simpatia dos líderes do PSDB porque integrantes do Republicanos se mostraram dispostos a uma fusão, com a incorporação de parte da “Social Democracia” no nome.

O tucano, símbolo máximo do PSDB, e o número 45 nas urnas, no entanto, ficariam de fora. Já com o MDB, as conversas devem avançar na próxima semana. O presidente da legenda, Baleia Rossi (SP), prefere não entrar em detalhes, mas afirma que não fecha nenhuma porta. A avaliação entre os emedebistas é que o próximo passo a ser dado deve ser do PSDB, que precisa decidir a qual força quer se aliar.

Prevista inicialmente para março, a decisão sobre o futuro tucano precisou de um “freio de arrumação”, segundo dirigentes do partido. A equação, afirmam, tem muitas variáveis que não serão resolvidas “no afogadilho”. Entre os principais entraves estão as articulações locais. Em Goiás, por exemplo, uma eventual aliança com o MDB já tem um conflito à vista.

O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, é ferrenho adversário do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), que tem como vice e principal candidato à sucessão o emedebista Daniel Vilela. Já numa eventual união com o PSD, sobraria pouco espaço para Aécio em Minas, uma vez que o partido tem lideranças fortes no estado, como o senador Rodrigo Pacheco e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

A decisão sobre o caminho a ser escolhido ainda passa pelos três governadores tucanos: Eduardo Riedel, de Mato Grosso do Sul, Raquel Lyra, de Pernambuco, e Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul. As informações são da Revista Veja.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Brasil

Trabalhadores informais se concentram em 20 ocupações
Supremo decide que vai fixar entendimento geral para aplicação da Lei da Anistia em “crimes permanentes” da ditadura
https://www.osul.com.br/bastidores-da-disputa-pelo-espolio-do-outrora-poderoso-psdb/ Os bastidores da disputa pelo espólio do outrora poderoso PSDB 2025-02-15
Deixe seu comentário
Pode te interessar