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Batalha aérea: Gol acusa a Latam de tentar levar seus pilotos e aviões

A Gol entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos em 25 de janeiro. (Foto: Divulgação)

Em moção de emergência apresentada à Justiça dos Estados Unidos, a Gol acusa a Latam de estar envolvida “em uma campanha deliberada e coordenada” para adquirir seus aviões, atrair lessores (arrendadores de aeronaves) e contratar seus pilotos, aproveitando o processo de recuperação judicial da companhia, em curso nos EUA. Uma audiência foi marcada para esta segunda-feira pelo Tribunal de Falências do Distrito Sul de Nova York para tratar do caso.

A Gol pede que a Justiça dos EUA estabeleça um prazo de cinco dias para que a Latam apresente informações-chaves sobre as ações tomadas até aqui para “adquirir aeronaves e funcionários da Gol”.

A companhia também pede a intimação de Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil, e de Roberto Alvo, CEO Global da Latam. O vice-presidente de Pessoas, Emilio del Real, o vice-presidente de Vendas, Andreas Schek, e o vice-presidente de Finanças, Ramiro Alfonsín, são citados para darem explicações.

No documento, a Gol afirma que, logo após entrar com o pedido de recuperação, tomou conhecimento de que a Latam estava tentando adquirir seus arrendadores, aviões e pilotos. A empresa cita e-mails em que a Latam convida arrendadores a negociarem contratos de aeronaves Boeing 737, operadas pela Gol, e afirma que a concorrente “distorceu a capacidade financeira da Gol” no contato com parceiros comerciais dela.

O e-mail anexado é assinado por Sebastian Acuto, vice-presidente de Frota e Projetos da Latam Airlines, e foi enviado em 26 de janeiro, mesmo dia em que a Gol entrou com o pedido de recuperação nos EUA para reestruturar R$ 20 bilhões em dívidas.

A Latam passou a divulgar vagas de emprego para pilotos licenciados a voar com o 737, mostra o documento. No pedido, está anexado o registro de vaga aberta pela empresa e divulgada em 29 de janeiro, mesma semana do pedido feito pela Gol para recuperação judicial. A empresa afirma que busca profissionais para a operação no Brasil e que um dos diferenciais é ter licença válida para voar com aeronaves Airbus e Boeing, incluindo o modelo 737.

O documento enviado à Justiça americana lembra que a frota hoje operada pela Latam é composta principalmente por aeronaves Airbus A320, enquanto a Gol opera exclusivamente com Boeing 737.

“A ideia de que a Latam está interessada em fazer a transição para uma frota que utiliza aeronaves Boeing 737 e pilotos Boeing 737 – no início do caso do capítulo 11 da Gol – é totalmente inconsistente com as operações existentes da Latam. A explicação mais lógica para a conduta da Latam é que ela espera se aproveitar da Gol”, acusa a companhia.

Resposta da Latam

Na sexta-feira, a Latam respondeu às acusações feitas pela Gol de que a empresa estaria adotando “ações predatórias”. Em objeção apresentada à Justiça americana, a companhia aérea afirmou tratar-se de “especulações infundadas” e pediu que a moção de emergência da Gol seja negada.

A Latam argumentou que todas as justificativas apresentadas pela Gol são infundadas, “tanto factual quanto legalmente”. Os advogados da empresa acrescentam que sequer “um único caso relevante” é citado como evidência. Também alegam que a moção busca interferir nos negócios da Latam e que a Gol, com o requerimento, tem o objetivo de “obter informações comerciais confidenciais” sobre os planos de frota da Latam.

“As alegações infundadas dos Devedores (a Gol) contra a Latam baseiam-se em uma premissa falsa: que a Latam está buscando ‘seus’ aviões dos ‘seus’ arrendadores e tentando contratar ‘seus’ pilotos. Isso é pura especulação e está incorreto”, afirma a empresa, que acrescenta que poderá reivindicar reparação pelo que chama de conduta difamatória da Gol. As informações são do jornal O Globo.

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