Após um bate-boca entre parlamentares, a sessão dessa terça-feira no Conselho de Ética do Senado foi interrompida por alguns minutos. A confusão começou quando o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), chamou a reunião de “ridícula”. Ele criticava o presidente do colegiado, João Alberto Souza (PMDB-MA), por dar prosseguimento à denúncia contra seis senadoras da oposição que haviam ocupado a mesa diretora da Casa, no dia 11 de julho. O fato ocorreu durante a votação do projeto da reforma trabalhista.
Um dos argumentos do protesto de Lindbergh foi o o que ele classificou de “incoerência” em querer punir o grupo de senadoras ao mesmo tempo em que o caso contra Aécio Neves (PSDB-MG) era arquivado pelo mesmo Conselho – ele se referia ao caso em que o parlamentar tucano foi gravado pedindo 2 milhões de reais ao empresário Joesley Batista, sócio do grupo JBS/Friboi.
“Essa reunião é ridícula. Esse conselho arquivou o caso do Aécio. Tinha uma mala com 500 mil reais, tudo gravado. E agora quer abrir contra cinco mulheres. Os senhores estão se prestando a isso? O senhor não tem condições de ser presidente desse conselho”, bradou o senador petista.
O senador Gladson Cameli (PP-AC) reagiu aos protestos de Lindbergh. “Respeitem essa Casa! Tudo isso é planejado”, ressaltou, acusando o petista de “querer aparecer na TV”. Os dois colegas de Casa chegaram a trocar gritos no plenário e Lindbergh levantou-se, de dedo em riste, em direção a João Alberto, na mesa da presidência.
Airton Sandoval (PMDB-SP) também não se conteve. “Vai lá comer marmita”, ironizou, em alusão ao protesto das senadoras, que chegaram a fazer refeições na mesa diretora do Senado com as luzes do plenário apagadas.
Já o senador Humberto Costa (PT-PE) apresentou questão-de-ordem, em nome das parlamentares acusadas, pedindo que o presidente reconsiderasse a decisão de acatar a denúncia. Na questão, o senador apontou problemas formais na apresentação da peça inicial do documento e defendeu, no mérito, que ela fosse rejeitada por considerar que não houve quebra de decoro parlamentar.
“A peça, a par de não ter enquadramento jurídico, legitimidade de partes e indicação de representados, impõe-se como uma tentativa de intimidação e de levar para o campo de julgamento moral uma tática política de minoria”, alegou.
Ao fim da sessão, a maioria concordou com uma questão levantada pelo senador Humberto Costa (PT-PE) e, por 12 votos favoráveis e dois contrários, a denúncia foi arquivada. Com isso, escaparam de uma punição as senadoras Gleisi Hoffmann (PT-PR), Lídice da Mata (PSB-BA), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Fátima Bezerra (PT-RN) e Regina Sousa (PT-PI).