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Por Redação O Sul | 27 de maio de 2022
A duração do período de amamentação está associada a um QI mais alto na adolescência. A conclusão é de um estudo feito pela Universidade de Oxford, publicado na revista PLoS ONE. De acordo com os pesquisadores, o estudo mostra a importância de amamentar a criança por mais tempo.
Os pesquisadores analisaram a ligação entre a duração da amamentação e as habilidades de pensamento em 7.855 crianças do Estudo de Coorte do Milênio do Reino Unido, que foram recrutadas como bebês entre 2000 e 2002 e submetidas a testes cognitivos aos cinco, sete, 11 e 14 anos. Também estava disponíveis dados que poderiam afetar a conclusão, como características socioeconômicas e cognição materna, que também foram considerados.
Cerca de um terço das crianças do estudo nunca foram amamentadas, mas 23% foram amamentadas por pelo menos seis meses. A ligação mais forte entre amamentação e habilidades de vocabulário foi observada em crianças de 14 anos.
Os resultados mostraram que a amamentação foi associada a um aumento “modesto” na inteligência das crianças, mesmo quando a inteligência da mãe e suas circunstâncias socioeconômicas foram levadas em consideração. O estudo conclui que ser amamentado por mais tempo pode aumentar a inteligência das crianças tanto quanto ter uma mãe inteligente ou vir de uma família abastada e “não deve ser subestimado”.
Por exemplo, os jovens de 14 anos amamentados por pelo menos 12 meses se saíram melhor em testes de vocabulário do que aqueles da mesma idade que nunca foram amamentados. A diferença foi equivalente a quase três pontos de QI.
Mesmo aquelas crianças que foram alimentadas exclusivamente com o leite materno por menos tempo se saíram melhor em testes de cognição do que as que nunca foram amamentadas. Bebês amamentados por um período de quatro a seis meses se saíram melhor em testes de memória, raciocínio e consciência espacial realizados aos 7 e aos 11 anos de idade.
Essas crianças também se saíram um pouco melhor em um teste espacial que exigia que elas encaixassem quadrados coloridos em uma forma, realizado aos cinco anos. E bem melhor quando o teste foi realizado sete anos. Elas também cometeram menos erros, aos 11 anos, quando solicitados a verificar as caixas dentro de uma tela de computador em busca de tokens e lembrar quais já haviam verificado depois de serem encobertos. Esses testes, feitos apenas até os 11 anos de idade, mediram a consciência espacial e as habilidades de resolução de problemas.
No entanto, a duração do aleitamento materno não foi vinculada a um melhor vocabulário aos cinco anos de idade.
Apesar dos resultados, a pesquisadora Reneé Pereyra-Elías, que liderou o estudo, ressalta que as mães que não amamentaram ou não conseguiram amamentar não devem se preocupar, pois os ganhos potenciais de QI entre crianças amamentadas por vários meses em comparação com crianças nunca amamentadas seriam equivalentes a dois a três pontos. No entanto, ela ressalta que as mulheres que desejam amamentar devem ser encorajadas a fazê-lo.
O leite materno contém ácidos graxos poliinsaturados e nutrientes como o ferro, que ajudam o cérebro das crianças a se desenvolver. Especialistas dizem que isso também faz com que as crianças tenham menos infecções e doenças, o que pode ajudar sua inteligência porque têm menos faltas na escola. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aconselha as mães a amamentar exclusivamente seus bebês por pelo menos seis meses.
Proteção contra a asma
Outro estudo, publicado na revista Annals of Allergy, Asthma and Immunology, mostrou que um período mais longo de amamentação exclusiva foi associado à diminuição no risco de asma. Bebês que foram amamentados por 2 a 4 meses tiveram apenas 64% de probabilidade de ter tantos desfechos de asma quanto aqueles que foram amamentados por menos de 2 meses; já aqueles amamentados por 5 a 6 meses tiveram 61% de probabilidade, e aqueles amamentados por mais de 6 meses tiveram uma probabilidade de 52%.
“Os resultados do estudo indicaram que quanto mais tempo a mãe amamenta exclusivamente, menores são as chances relativas de seu filho ter asma ou desfechos relacionados à asma”, disse a médica Keadrea Wilson, principal autora do estudo e professora assistente de neonatologia na Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Tennessee, nos EUA.
Um ponto interessante é que quando os bebês não foram exclusivamente amamentados, ou seja, o aleitamento materno foi misturado com fórmula, suco e outros alimentos, não houve o mesmo nível de proteção.