Terça-feira, 14 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 13 de maio de 2016
Você não gosta de mim, mas minha filha gosta – e talvez ela possa convencer os Estados Unidos de que não sou tão mau assim. Daria para traduzir dessa forma a estratégia que Donald Trump adotou em sua campanha à Casa Branca. Foi Ivanka Trump, 34 anos, a segunda dos cinco filhos que ele teve em três casamentos, quem o apresentou em 16 de junho de 2015, quando anunciou a pré-candidatura à presidência dos EUA pelo Partido Republicano.
“Enquanto a plateia vibrava, ela exibia um estilo mais polido do que a mistura paterna de Archie Bunker [personagem da série de TV ‘All in the Family’] e ‘Jay Gatsby’ [o playboy do livro de F. Scott Fitzgerald]”, descreve Michael D’Antonio, biógrafo do empresário.
Dos 17 nomes adversários, só restou ele. Agora o magnata conta com a filha e também com a mulher, Melania, 46, para tentar reverter a aversão que seu nome provoca em 50,5% da população americana. Sua taxa de reprovação entre mulheres recrudesce nas pesquisas da Gallup. Se agora sete em dez mulheres o rejeitam, em julho eram 58%.
Trump não colabora. Quando, em agosto de 2015, uma apresentadora da Fox News pediu que explicasse por que “chamou mulheres das quais não gosta de ‘porcas gordas’, ‘canhões’ e ‘desleixadas’”, ele riu e disse: “Não tenho tempo para o politicamente correto”.
Essa parte fica a cargo da ala feminina da família. Em várias ocasiões, Ivanka (filha da primeira mulher de Trump, Ivana, ex-modelo tcheca) e Melania (ex-modelo eslovena) relativizaram o sexismo a ele atribuído.
“Meu pai acredita 100% na igualdade de gênero, confia que a mulher pode exercer qualquer emprego que o homem tem, e sou prova disso”, disse Ivanka, vice-presidente nas Organizações Trump. Melania afirmou que não é do perfil do marido discriminar amigos – e rivais – por gênero. “Não importa se é homem ou mulher, ele trata a todos de forma igual.”
Essa isonomia não resiste a uma volta ao passado. Em 1997, à revista New Yorker, Trump disse que uma quiroprática a serviço de seus funcionários provavelmente cursou a “Faculdade Médica de Baywatch [a série de TV]”. Seis anos antes, à Esquire, prescreveu uma fórmula para combater a má propaganda na mídia: ter “um jovem e delicioso pedaço de carne” ao seu lado.
Morde e assopra.
Ivanka cresceu brincando no escritório do pai e é uma de suas mais influentes conselheiras. “Ela é um lado mais gentil e refinado da ‘grife Trump’ e um antídoto para a abrasividade do candidato”, escreveu D’Antonio em artigo.
Pai e filha se falam até cinco vezes por dia, e ela cumpriu agenda política uma semana após dar à luz ao seu terceiro filho com Jared Kushner.
Em seu site, Ivanka dá dicas de moda para a “mulher trabalhadora e moderna” e de etiqueta empresarial.
Em janeiro, aconselhou quem viajasse a negócios ao Brasil: “Vista-se para causar, mas não dê presentes, que podem ser vistos como propina. Lembre-se que o símbolo de ‘ok’ [círculo formado com os dedos] é considerado vulgar. Prefira levantar o polegar”.
Enquanto a filha de Trump anseia por protagonismo político, Melania se esquiva dos holofotes. Em entrevista à GQ, disse que “ninguém sabe nem saberá [o que penso]. Isso é entre mim e meu marido”. Promete que, se Trump for eleito, será uma primeira-dama “tradicional”, como Jackie Kennedy, e se envolverá em “muitas, muitas caridades”. (Folhapress)