Sábado, 11 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de maio de 2015
Os padrões de beleza no mundo da moda mudam de tempos em tempos, mas sempre apoiados na idealização da juventude, uma estética baseada na batalha inglória pela pele e o corpo perfeitos. Não nesta temporada. Durante a semana de moda de Nova York, nos Estados Unidos, as bancas exibiam a palavra “fashion” em letras garrafais e a imagem da cantora Joni Mitchell, 71 anos, estampada na capa da revista New York.
Estrela da campanha do projeto musical da Yves Saint Laurent Paris, a canadense é uma lenda da música folk rock, famosa por hits como “Both Sides Now” e “Big Yellow Taxi”. “Quero fixar meu legado. Tem sido massacrante”, disse à revista, sobre a dificuldade de preservar sua imagem em uma cultura musical efêmera.
Phoebe Philo, estilista da grife francesa Céline, foi uma das que apostaram na beleza um tanto à moda antiga. Ela escolheu a escritora e ensaísta americana Joan Didion, 80, para aparecer de óculos escuros e em pose glamorosa na atual campanha da marca.
A decoradora americana Iris Apfel, 92, referência de estilo desde 2011, quando o Metropolitan Museum, em Nova York, organizou uma mostra de seu guarda-roupa, aparece na nova peça publicitária da grife Kate Spade New York. Beirando os 70, a artista performática sérvia Marina Abramovic é uma das modelos da atual campanha da marca francesa Givenchy. “É apenas uma beleza diferente. Existe a beleza dos 30, dos 40. Por que não haveria a dos 70?”, dispara Elke Maravilha, que, aos 70 anos, estrela a única campanha nacional que traz uma modelo mais velha, a do estilista mineiro Lucas Magalhães, uma das grandes promessas da moda. Como top dos anos 1960 e 1970, Elke desfilou para estilistas como Zuzu Angel (1921-1976), de quem era amiga.
“Estou velha, sim, e acho horrível quem procura a juventude a todo custo, essa história de ‘sou velha mas tenho espírito jovem’. A beleza de envelhecer é provar tudo o que a vida pode oferecer em diferentes momentos. Talvez seja essa a mensagem que os estilistas querem passar”, afirma.
A coleção de cores vivas, inspirada no Nordeste, diz Magalhães, tinha tudo a ver com Elke. “Minha geração cresceu vendo Elke na TV [como jurada do ‘Show de Calouros’, do SBT] e trabalhar com ela é resgatar memórias. Afinal, nós estilistas sempre estamos olhando o passado para ressignificar o presente”, afirma.
Para Zé Macedo, dono de uma agência de modelos e responsável por gerir a carreira de tops como Alessandra Ambrósio, Carol Trentini e Lea T., esse movimento na moda é reflexo do crescimento da expectativa de vida das pessoas. “Antes dizia-se que a vida acabava nos 50 anos. Na moda, era pior. Uma modelo terminava a carreira com 30, no máximo”, diz. (Pedro Diniz/Folhapress)