Ícone do site Jornal O Sul

BID e Banco Mundial vêm ao Rio Grande do Sul avaliar danos e cooperar na reconstrução no nosso Estado

Sophie Naudeau: “O tamanho do desastre foi tal que o Estado vai ter que tomar decisões sobre o que vai ser reconstruído e o que não vai ser”. (Foto: Divulgação)

Dois dos principais bancos multilaterais do mundo, Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), além da Comissão Econômica para América Latina (Cepal), vão se juntar ao governo federal e ao governo do Rio Grande do Sul no esforço de reconstrução do Estado.

Além de financiarem obras e projetos, os bancos também realizam estudos e prestam assistência técnica sobre desastres climáticos em países parceiros. No Sul do Brasil, o trabalho que envolve pesquisa de campo, análise de relatórios e compilação de dados está previsto para começar na próxima segunda-feira (17).

A missão, que deve durar duas semanas, será composta por uma equipe multissetorial de profissionais que atua no Brasil e no exterior e já representou os órgãos em outros desastres na América Latina, como os terremotos no Haiti, em 2010, e no Equador, em 2016. Os técnicos vão realizar uma avaliação das perdas e dos danos, além de contribuir com o Estado no processo de reparo da infraestrutura gaúcha.

“Vamos trazer vários experts que já participaram da avaliação de danos e da reconstrução em outros países para ver realmente qual é o tamanho do desastre e quais vão ser as prioridades nas próximas fases depois de a emergência ter passado. O tamanho do desastre foi tal que o Estado vai ter que tomar decisões sobre o que vai ser reconstruído e o que não vai ser, priorizando projetos em termos de resiliência para o futuro”, afirmou Sophie Naudeau, gerente de operações do Banco Mundial no Brasil.

A missão vai contar com cerca de 25 profissionais, seis do Banco Mundial e 16 do BID, e será dividida em duas etapas. Na primeira, será utilizada a metodologia DaLA (damage and loss assessment), desenvolvida pela Cepal para avaliar desastres a partir de uma ótica que considera não só danos estruturais, mas também impactos sociais, como geração de emprego e renda nos locais afetados.

Com os dados, serão apresentadas estratégias e prioridades para que a reorganização do território gaúcho seja feita de maneira resiliente, fazendo frente a novos episódios extremos, como temporais e enchentes. A previsão é que a primeira versão do relatório seja apresentada em meados de julho.

“O relatório vai estimar os danos setoriais e as perdas e custos adicionais, o que será a base para avaliações dos impactos econômicos. O objetivo principal é preparar uma avaliação abrangente e técnica para orientar a reconstrução do Rio Grande do Sul de maneira resiliente”, explicou Morgan Doyle, representante do BID no Brasil. O trabalho tem custo estimado de R$ 3,8 milhões, mas será doado em forma de assistência técnica qualificada, sem custo ao Estado e à União, afirma o executivo.

Perdas e danos

A avaliação de perdas e danos é o primeiro passo para estabelecer uma linha de base sobre os impactos diretos nas obras de infraestrutura e indiretos na economia do Rio Grande do Sul e da cidade de Porto Alegre, enfatizou Jack Campbell, especialista sênior em gerenciamento de risco e desastres do Banco Mundial.

O especialista, que atua com foco na América Latina e no Caribe, ressaltou que muitos países enfrentam dificuldades na captação de recursos para realizar obras e reparos após o primeiro ano de desastres e que a duração do trabalho de restauro costuma ser subestimada, assim como a necessidade de um órgão específico para liderar o trabalho.

“Nós estamos trabalhando com os R$ 19 bilhões que o governador Eduardo Leite já falou que serão necessários para reconstruir o Estado, mas isso não conta com as perdas econômicas indiretas. Os custos econômicos vão muito além e a gente espera sair com números novos para complementar esse processo”, disse o especialista, que espera que a primeira versão do documento compilado pelos órgãos multilaterais apresente o custo e o tempo estimados de reparação do território gaúcho.

“Um desafio vai ser a disponibilidade de dados, já que várias entidades do governo ainda não têm acesso a servidores”, reconheceu Campbell.

O secretário de reconstrução do Rio Grande do Sul, Pedro Capeluppi, esclareceu que a visita dos bancos multilaterais faz parte de uma série de parcerias internacionais que o Estado está buscando para redesenhar as suas cidades.

O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional informou que o termo de referência com a Cepal foi recebido e que a parceria está em fase de formalização. As informações são do Valor.

Sair da versão mobile