Um dia após a condenação de Donald Trump no caso sobre pagamento de suborno à ex-atriz pornô Stormy Daniels, um dos principais comitês de ação política do ex-presidente republicano recebeu o que até agora é a maior doação individual desta campanha presidencial, no valor de US$ 50 milhões (R$ 271,7 milhões). Apesar do sobrenome conhecido nas altas rodas americanas, o nome por trás da doação não está entre os mais proeminentes entre os bilionários americanos: Timothy Mellon.
Descrito pela imprensa americana como “recluso” e “conservador”, Timothy Mellon, de 81 anos, é um dos herdeiros de uma das fortunas “contínuas” mais antigas dos EUA, que começou a ser construída por seus antecessores na década de 1840, estimada pela revista Forbes em US$ 14,1 bilhões (R$ 76,6 bilhões). Ainda de acordo com a Forbes, a riqueza da família vem de investimentos diversificados em construção civil, instituições bancárias, capital de risco e petróleo e gás.
A maior doação da campanha não foi a única de Timothy nesta eleição — nem Trump foi o único agraciado com seu interesse. Anteriormente, ele já havia contribuído para as campanhas de Trump e de Robert Kennedy Jr., um ex-democrata que concorre neste ano como independente, doando US$ 25 milhões (R$ 135,8 milhões) para cada um deles, totalizando US$ 100 milhões aplicados na disputa.
Ao contrário de outros grandes doadores, que mesmo contribuindo com valores inferiores costumam se projetar, Mellon tem evitado os holofotes. Poucos dos beneficiados pelos seus recursos realmente o conhecem, e segundo integrantes de comitês republicanos de campanha, ele não costuma atender a convites como jantares e eventos reservados apenas a doadores VIP. Ele também não demonstraria interesse em contato direto com os candidatos, disseram pessoas ouvidas pelo Wall Street Journal.
A publicação americana o descreveu como um “recluso morador do Wyoming que se tornou um grande doador político em 2018”, quando doou US$ 10 milhões (R$ 54,3 milhões) para a campanha republicana durante as mid-terms. O jornal também afirma que ele ganhou uma reputação de apoiador “peculiar” entre as fileiras americanas.
Tataraneto do banqueiro irlandês-americano Thomas Mellon, fundador do Mellon Bank, e neto do ex-secretário do Tesouro Andrew, Mellon, Timothy é um aviador amador, com peculiar fascínio em caçadas pelos restos do avião da lendária aviadora Amelia Earhart.
Até recentemente, ele era dono da Pan Am Systems Inc., uma empresa de transporte com sede em New Hampshire, que foi inicialmente constituída como Guilford Transportation Industries. Mellon a renomeou após adquirir os direitos da marca da icônica Pan Am Airways, após ela entrar com pedido de falência.
A doação no valor de US$ 50 milhões para Trump não é a maior já feita por Mellon. Em agosto de 2021, ele aportou US$ 53 milhões (R$ 288 milhões) em um projeto para a construção de um muro na fronteira com o México no Texas. Ele já contribuiu com outras iniciativas contra a imigração.
Timothy publicou uma autobiografia em 2016, que foi retirada das prateleiras em 2016 depois de ser alvo de críticas por ativistas de direitos civis. Em um trecho, citado pelo New York Times, ele afirmou que os negros ficaram “ainda mais beligerantes” depois que programas sociais foram expandidos nas décadas de 1960 e 1970. Ele também escreveu que os programas de redes de segurança social equivaliam a uma “redução da escravatura”.
“Por entregarem seus votos nas eleições federais, eles recebem cada vez mais brindes: vale-refeição, celulares, pagamentos do WIC, Obamacare e assim por diante”, escreveu o bilionário, de acordo com o The Washington Post.