Sábado, 18 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de junho de 2024
Bill Gates e sua empresa de energia estão iniciando a construção de uma usina nuclear de última geração no Wyoming, que ele acredita que “revolucionará” a forma como a energia é gerada. Gates esteve na pequena comunidade de Kemmerer na semana passada para iniciar a construção do projeto.
O cofundador da Microsoft é presidente da TerraPower, que, em março, solicitou à Comissão Reguladora Nuclear uma licença de construção para um reator nuclear avançado – que usa sódio, e não água, para o resfriamento. Se aprovado, o projeto funcionará como uma usina nuclear comercial.
O local é próximo da Usina Elétrica Naughton, da PacifiCorp, que deixará de queimar carvão em 2026, e gás natural uma década depois, informou +a empresa. Os reatores nucleares operam sem emitir gases de efeito estufa, que aquecem o planeta. A PacifiCorp planeja obter energia livre de carbono do reator e diz que está avaliando a quantidade de energia nuclear a ser incluída em seu planejamento de longo prazo.
O trabalho iniciado na semana passada tem o objetivo de preparar o local para que a TerraPower possa construir o reator o mais rápido possível, caso sua licença seja aprovada. Hoje, a Rússia está na vanguarda do desenvolvimento de reatores resfriados a sódio.
Gates disse aos presentes na cerimônia de abertura do projeto que eles estavam “pisando no que em breve será o alicerce do futuro energético dos Estados Unidos”. “Esse é um grande passo em direção à energia segura, abundante e sem carbono”, disse Gates. “E é importante para o futuro deste país que projetos como esse sejam bem-sucedidos”, completou.
Os reatores avançados normalmente usam um líquido de esfriamento diferente da água e operam em pressões mais baixas e temperaturas mais altas. Essa tecnologia existe há décadas, mas os Estados Unidos continuaram a construir grandes reatores convencionais resfriados a água como usinas elétricas comerciais. O projeto de Wyoming é o primeiro em cerca de quatro décadas que tenta colocar um reator avançado em funcionamento como uma usina comercial no país, de acordo com a NRC.
Momento de mudança
“Chegou a hora de mudar para a tecnologia nuclear avançada que utiliza os modelos computacionais e de física mais recentes para um projeto de usina mais simples, mais barato, mais seguro e mais eficiente”, disse Chris Levesque, presidente e CEO da empresa.
O projeto de demonstração da TerraPower é de um reator rápido resfriado a sódio com um sistema de armazenamento de energia de sal fundido. “A tradição do setor não tem sido de inovar. E isso foi bom para a confiabilidade”, disse Levesque. “Mas as demandas de eletricidade que estamos vendo para as próximas décadas e também para corrigir os problemas de custo com a energia nuclear atual, nós, da TerraPower, e nossos fundadores realmente sentimos que era hora de inovar.”
Espera-se que o projeto TerraPower custe até US$ 4 bilhões, metade dos quais provenientes do Departamento de Energia dos EUA. Levesque disse que esse valor inclui custos inéditos para projetar e licenciar o reator, de modo que os futuros custarão muito menos.
A maioria dos reatores nucleares avançados em desenvolvimento nos EUA depende de um tipo de combustível – conhecido como urânio de baixo enriquecimento de alto teor – enriquecido com uma porcentagem maior do isótopo urânio235 do que o combustível usado pelos reatores convencionais.
A TerraPower adiou sua data de lançamento em Wyoming em dois anos, para 2030, porque a Rússia é o único fornecedor comercial do combustível e está trabalhando com outras empresas para desenvolver suprimentos alternativos. O Departamento de Energia dos EUA está trabalhando para desenvolvê-lo internamente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.