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Bioma do Pampa terá mais de R$ 2 milhões para iniciativas de melhoramento

Área se estende por 1 milhão de quilômetros-quadrados no Rio Grande do Sul e partes da Argentina, Uruguai e Paraguai. (Foto: Arquivo MP-RS)

Lançado em abril de 2023 para proporcionar assistência técnica, incentivos e financiamento de ações para ampliar a produtividade agropecuária e a conservação ambiental no bioma do Pampa, o projeto “Alianza Mais” oficializou as duas primeiras contratações de empréstimo a fundo perdido. Ambas somam R$ 2,25 milhões de crédito para melhoria do campo nativo, aquisição de equipamentos e melhorias em propriedades rurais nos municípios gaúchos de Alegrete e Dom Feliciano.

Trata-se de uma parceria entre a organização Alianza del Pastizal e o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), prevendo investimentos de 7 milhões de euros (aproximadamente R$ 40 milhões) ao longo de cinco anos. No foco estão produtores (incluindo mulheres e jovens) do setor rural e comprometidos com a conservação do bioma em meio aos desafios das mudanças climáticas.

“Somos uma instituição comprometida com a agenda da sustentabilidade e o ‘Alianza Mais’ reafirma essa missão através de uma parceria inédita”, ressalta o presidente do BRDE e ex-governador gaúcho Ranolfo Vieira Júnior. “Nossa pecuária é diferenciada, pois, além da qualidade, no Pampa é possível produzir e conservar ao mesmo tempo.”

A Alianza del Pastizal é uma organização sul-americana liderada pela BirdLife International para a conservação dos campos naturais dos países do chamado “Cone Sul” (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai). Participam da iniciativa mais de 40 organizações, incluindo associações de produtores rurais, indústrias, sindicatos rurais, técnicos e instituições de pesquisa.

Pastagens naturais

Do total de investimentos previstos para o projeto, 2 milhões de euros (cerca de R$ 10 milhões) têm origem em aporte do Fundo Francês para o Meio Ambiente Mundial (FFEM). Os recursos devem viabilizar incentivos por meio de financiamentos e outras inciativas.

Um dos contratos é destinado para correção de solo, adubação e sobressemeadura de forrageiras de inverno. A finalidade é aumentar a produtividade e conservar a vegetação nativa na propriedade da Família Louzada, em Alegrete.

O financiamento é de R$ 1,5 milhão e contempla, ainda, a aquisição de equipamentos, melhorias na propriedade e demais custeios associados ao projeto. “Essa parceria tem sido um divisor de águas. Estou na quinta geração de pecuaristas do Alegrete e temos um compromisso muito grande em produzir com preservação do bioma Pampa”, destaca a pecuarista Martha Santos Louzada.

O contrato de R$ 750 mil, firmado com o engenheiro agrônomo Gélio Medeiros de Andrade, também é direcionado à renovação do campo nativo e reformas das instalações. O foco está no aumento da produtividade dos campos nativos para criação bovina.

Bioma Pampa

As pastagens nativas do Cone Sul da América do Sul, chamadas de Pampa, ocupam área de aproximadamente 1 milhão de quilômetros-quadrados, distribuídos entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Essa área abriga fauna e flora excepcionais, além de representar uma fonte única de variabilidade genética.

O Pampa sofreu perdas que totalizam mais de 2 milhões de hectares nos últimos 15 anos, devido principalmente à expansão de monoculturas como a da soja. A sua preservação requer soluções que envolvam atividades capazes de gerar receitas para os produtores, minimizando os impactos ambientais e preservando a biodiversidade.

Com o objetivo de reverter o quadro de redução dos campos nativos no bioma Pampa e toda sua avifauna associada, a Save Brasil atua desde 2005 na região do bioma Pampa no Rio Grande do Sul, como fundadora da Alianza del Pastizal (em 2006) e também sua representante oficial no Brasil.

(Marcello Campos)

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