Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 6 de dezembro de 2024
O bitcoin (BTC) bateu o patamar de US$ 100 mil após anos de expectativa para a possibilidade disso ocorrer. Agora, os investidores se perguntam se a criptomoeda vai continuar subindo ou se o próximo passo é uma queda depois que os grandes detentores da moeda digital realizarem os lucros de suas posições.
Guto Antunes, head de ativos digitais do , lembra que o bitcoin é um ativo volátil, arriscado e que costuma ter grandes movimentos de correção. De acordo com ele, os US$ 100 mil geram um ponto de tensão e maior liquidez, mas é preciso ser racional e não perder de vista essa volatilidade histórica.
Por outro lado, Antunes considera que há fatores no radar que também podem trazer uma movimentação positiva para a criptomoeda, como uma regulamentação favorável ao setor nos Estados Unidos, que poderia alavancar a entrada de capital institucional.
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, prometeu que defenderia os interesses das empresas cripto no país, inclusive das mineradoras de bitcoin, que usam alto poder computacional e energia elétrica para resolver a criptografia da blockchain e descobrir novos blocos da moeda digital, emitindo unidades de BTC no processo.
Trump também defendeu a criação de uma reserva governamental de bitcoin com os tokens apreendidos pelas autoridades em ações contra crimes financeiros.
Os investidores ficaram ainda mais animados com a questão regulatória nos EUA após a confirmação de que Paul Atkins, que é favorável aos criptoativos, será o sucessor de Gary Gensler, um grande opositor do setor, no comando da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC). “O que traz capital institucional é a clareza regulatória, independente de quem esteja lá. Muitos clientes não entram neste mercado porque têm medo”, afirma Antunes. “A partir do momento em que o cenário se torna pró-cripto nos EUA, vemos os participantes com uma clareza muito maior sobre produtos e serviços que podem ser oferecidos.”
Beto Fernandes, analista da Foxbit, destaca que Trump fez muitas promessas de campanha que flexibilizariam o ambiente regulatório nos EUA e que a nomeação de Atkins é uma delas. Porém, Fernandes acredita que é preciso ver se essas ideias serão colocadas em prática a partir da posse do novo presidente. “Até lá, os mercados de derivativos e de criptomoedas à vista demonstram ainda grande apetite pelo bitcoin. A macroeconomia pode reverter este interesse, enquanto correções são naturais após tantas altas seguidas. Mesmo assim, os fundamentos do BTC permanecem bastante fortalecidos”, avalia.
Luiz Calado, planejador financeiro CFP pela Planejar, diz que o interesse institucional continua sendo o principal motor desse crescimento do preço do bitcoin. Calado cita o caso da MicroStrategy, empresa de software fundada por Michael Saylor e que começou a ver uma forte valorização de suas ações na bolsa ao usar seu caixa (e posteriormente emissões de dívida conversível em ações) para investir em bitcoins, tornando-se um proxy da criptomoeda no mercado acionário americano.
“A MicroStrategy, já consolidada como a maior detentora corporativa de bitcoin, adquiriu recentemente mais 15.400 BTCs, investindo US$ 1,5 bilhão, e agora detém um total de 402.100 BTC, avaliados em mais de US$ 40 bilhões.
O movimento não é isolado: empresas como a Acurx Pharmaceuticals também decidiram alocar parte de suas tesourarias em bitcoin, citando a oferta limitada e a proteção contra a inflação como razões estratégicas”, explica o planejador financeiro.
Usando análise técnica, Rafael Lage, da CM Capital, projeta que no curtíssimo prazo os próximos objetivos para o bitcoin são os US$ 116.600 e os US$ 132.400, porém tudo dependerá de regulamentações governamentais mais favoráveis e da adoção da tecnologia pelo público no dia a dia. Na mesma linha, Fernando Pereira, analista da Bitget, prevê que o bitcoin estabelecerá novos recordes históricos em 2025.
Além do otimismo com uma guinada na postura governamental dos EUA a respeito das criptomoedas, o bitcoin também foi impulsionado por uma série de eventos positivos este ano, tais quais o lançamento dos primeiros fundos negociados em bolsa (ETFs) de bitcoin à vista nas bolsas americanas em janeiro e os cortes de juros promovidos pelo Federal Reserve (Fed) nos EUA, que aumentaram a liquidez global.
Guilherme Nazar, vice-presidente regional da Binance para a América Latina, atribui a disparada da moeda digital até os US$ 100 mil a mudanças estruturais significativas no mercado, possíveis mudanças regulatórias nos EUA sob a administração Trump e a adoção institucional alimentada pelo sucesso dos ETFs de Bitcoin. “O bitcoin, com sua oferta fixa de 21 milhões de moedas, destacou-se como uma proteção natural contra a desvalorização da moeda fiduciária, impulsionando o aumento da demanda”, afirma.