Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de janeiro de 2025
Assim como o mercado de criptoativos, notadamente o bitcoin, se favoreceu com o destravamento da demanda institucional no maior mercado financeiro do mundo, em 2025, não deve ser muito diferente. O que acontecer nos Estados Unidos, a partir da estreia do novo governo de Donald Trump, vai ditar os rumos do fluxo de dinheiro e dos preços das criptos.
Mas ainda que não se tenha um quadro exatamente claro sobre quais ações serão realizadas nos EUA que favoreçam os negócios com criptoativos, não param de chegar projeções de preços do bitcoin para 2025 – assim como o mercado tradicional faz com o Ibovespa, por exemplo, o principal índice da bolsa brasileira, a B3.
Gestoras e bancos globais e analistas independentes internacionais têm feito suas apostas. A menos otimista é de que o bitcoin deve ter um preço médio de US$ 130 mil, em 2025. Já os mais entusiasmados calculam de US$ 200 mil a US$ 285 mil.
Em relação à última máxima histórica, de US$ 108 mil, registrada em 17 de dezembro, esses patamares projetados correspondem a uma valorização de 20% a 160%. É uma faixa bem larga. Nas últimas semanas, o bitcoin tem sido negociado entre US$ 93 mil e US$ 100 mil, o que aumenta ainda mais a distância dos valores projetados.
Para André Portilho, sócio do BTG Pactual e fundador da plataforma cripto Mynt, o bitcoin tem ainda muito potencial para ganhar em valor de mercado, principalmente se comparado ao ouro. Enquanto o metal precioso tem um valor de mercado de cerca de US$ 17 trilhões, a maior criptomoeda do mundo tem pouco menos de US$ 2 trilhões.
Expectativas
Com Trump tomam posse os “sete cavaleiros de cripto”, como chamou o analista de ativos digitais do banco Julius Baer, Manuel Villegas, os indicados para posições estratégicas no novo governo.
Além do vice-presidente DJ Vance, que passa a ser também presidente do Senado, assumem cargos importantes Howard Lutnick, como Secretário de Comércio, Scott Bessent, como Secretário do Tesouro, Elon Musk e Vivek Ramaswamy, à frente do Departamento de Eficiência Governamental, Robert Kennedy Jr., no Ministério da Saúde, e Paul Atkins, na presidência da Securities and Exchange Comission (SEC, a CVM americana).
Dentre os “sete cavaleiros”, as peças-chave para o ecossistema cripto são Atkins, na SEC, e Bessent, no Tesouro.
“Atkins é uma pessoa que há anos se posiciona favoravelmente ao mercado de criptomoedas”, ressalta Vinicius Bazan, presidente e fundador da casa de análise Underblock. “Na sua gestão, deve haver uma guinada de 180 graus em favor de cripto: se na gestão Biden, sob a liderança de Gary Gensler, houve uma caça às bruxas em cripto, com processos e mais processos (sempre com as mesmas justificativas inócuas), obrigando os protocolos a gastarem mais tempo e recursos com advogados do que com inovação, esperamos o extremo oposto na gestão Atkins.”
Uma das promessas de Trump mais significativas para o universo cripto, durante sua campanha, foi a criação de uma reserva financeira em bitcoin. Sua concretização passa, obrigatoriamente, pela mesa de Bessent.
“A confirmação da reserva do tesouro americano será um gatilho positivo”, afirma Portilho, ressaltando que apenas parte dessa possibilidade já foi incorporada pela valorização do preço do bitcoin nos últimos meses. Para destravar, é preciso a concretização da promessa, o que não depende somente de Trump, mas de várias outras instâncias governamentais.
Para Portilho, no entanto, a disrupção nesse ponto foi o próprio tema. “Quando se teve essa discussão sobre composição de reservas em bitcoin? E não só no governo. Empresas também estão discutindo a possibilidade de incorporar criptos em seu patrimônio”, pontua. “Mudou de patamar o tipo da discussão.”
“É importante lembrar que o mercado cripto se movimenta de forma altamente especulativa”, observa Paula Zogbi, gerente de análise e chefe de conteúdo da Nomad. “O governo Trump deve continuar se posicionando a favor de um afrouxamento do ambiente regulatório, facilitando transações e custódia de criptoativos, além da promessa de compor uma reserva nacional em bitcoins”.
“Com a barreira dos US$ 100 mil rompida, a manutenção desses patamares vai depender da evolução desse mercado de forma geral, já que são ativos muito voláteis e sensíveis ao noticiário, sem se comportar, pelo menos por ora, como reserva de valor ou hedge [proteção] contra movimentos das bolsas”, aponta Paula.
Diante desse cenário de possibilidades favoráveis à manutenção do desempenho positivo das criptos e, especificamente, do bitcoin, Serrano afirma que é importante manter a cautela nas decisões de investimento. “Os mercados em alta trazem consigo muitos projetos fraudulentos”, alerta. “A euforia expõe os investidores a agirem com pressa, a não pesquisarem os projetos em que colocam seu dinheiro.”