Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 15 de fevereiro de 2023
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não vai colocar dinheiro na Americanas, que pediu recuperação judicial no mês passado, mas poderá oferecer uma linha de crédito aos fornecedores da varejista, disse o presidente do banco de fomento, Aloizio Mercadante, nesta quarta-feira (15).
Mercadante acrescentou, em coletiva de imprensa na sede do banco, que os fornecedores da Americanas são vítimas da crise enfrentada pela varejista, que ele chamou de “fraude”.
“O que nós podemos fazer… é o sistema financeiro abrir uma linha de credito para esses pequenos fornecedores que são vítimas dessa fraude”, disse Mercadante, citando potenciais discussões com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e o Ministério da Fazenda.
A declaração de Mercadante ecoa fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva há duas semanas, que também classificou a crise na empresa de “fraude”.
“É uma empresa que tinha muitos fornecedores e você tem que dar alternativa para essas empresas continuarem suas atividades”, acrescentou Mercadante.
“Era uma empresa em que havia muita fidelização no fornecimento e você tem que dar alternativa para não agravar a crise e essas empresas poderem continuar as suas atividades. Elas não têm nenhuma responsabilidade com a crise da Americanas. Ela foram vítimas. Os indícios de fraude no balanço são muito graves, estão sendo apurados. Vamos aguardar”. Para ele, o problema da Americanas junto ao banco está resolvido. “Não há possibilidade de tratar da crise da Americanas. O que nós tínhamos que fazer já fizemos: executamos a fiança e recuperamos o nosso capital”.
Aloízio Mercadante assegurou que o BNDES não vai voltar a ser hospital de empresas. Deixou claro que o BNDES não tem que concorrer com o setor privado. O BNDES pode desenvolver novos mercados, e atuar, sobretudo aonde o mercado não chega. “Esse é o papel fundamental”.
O presidente do BNDES também esclareceu que o banco não pode tratar uma pequena e micro empresa ou uma cooperativa de crédito do mesmo modo que vai tratar um projeto de infraestrutura de 35 anos. “São dois clientes totalmente diferentes, duas situações diversas e nós precisamos de instrumentos específicos”.
A Americanas vive uma crise após revelar em janeiro inconsistências contábeis de cerca de 20 bilhões de reais, que a levaram a pedir recuperação judicial com mais de 40 bilhões de reais em dívida.
O caso teve consequências na Justiça e está sendo averiguado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Segundo Mercadante, o BNDES já executou as garantias referentes a dívidas da Americanas. No final de janeiro, o banco disse que havia cobrado fianças bancárias da varejista em duas operações que totalizavam 2,4 bilhões de reais, dos quais, na ocasião, a instituição de fomento já havia liberado 1,17 bilhão de reais. As informações são da agência de notícias Reuters e da Agência Brasil.