Terça-feira, 22 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 31 de janeiro de 2024
A nova versão do cartão BNDES, que passará a contar com garantias do Fundo Garantidor de Investimentos, abastecido com recursos públicos.
Foto: ReproduçãoApós prever R$ 250 bilhões ao novo plano industrial do governo, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) prepara dois anúncios direcionados às micro, pequenas e médias empresas.
Um deles é a nova versão do cartão BNDES, que passará a contar com garantias do Fundo Garantidor de Investimentos (FGI), abastecido com recursos públicos. E o segundo é uma linha em parceria com o Sebrae, que terá o potencial de emprestar até R$ 8,4 bilhões.
“Esse cartão (BNDES) precisa ser modernizado. Primeiro, ele vai se tornar um cartão digital, que pode ser aprovado em segundos, e não em dias”, afirmou o diretor financeiro e de crédito digital a micro, pequenas e médias empresas da instituição, Alexandre Abreu.
“E, segundo, os bancos tiveram muita inadimplência com ele no passado. Então nós vamos colocar o FGI para garantir.”
Ao atrelar o cartão ao FGI, fundo focado em empresas de menor porte, o banco emissor passará a dividir o risco com o Tesouro Nacional, que honrará até 80% do valor da dívida em caso de inadimplência.
Abreu não informou qual a expectativa de concessão com a mudança no formato, mas diz “que vai aumentar muito” e “de forma geométrica”.
Atualmente, há 871,5 mil cartões ativos, que também podem ser solicitados pelos MEIs, os microempreendedores individuais. Ano passado, no total, eles movimentaram R$ 616,2 milhões.
O funcionamento é similar ao de um cartão de crédito, mas com cifras e prazos maiores. O banco parceiro emite o cartão, cujo limite é de até R$ 2 milhões por cliente. Com o dinheiro, é possível comprar máquinas e equipamentos nacionais pré-definidos, que podem ser pagos em até quatro anos. Apesar do limite elevado, o ticket médio, segundo o BNDES, fica abaixo de R$ 100 mil.
Questionado se o valor disponível no FGI atualmente, de cerca de R$ 500 milhões, será suficiente para garantir eventuais calotes com o cartão, Abreu afirma que o banco tentará “sensibilizar” o governo para a necessidade de novos aportes.
“É uma boa estratégia, do ponto de vista do Estado brasileiro, aportar recursos no FGI. Porque se estimula a economia com uma eficiência muito grande, de 1 para 12 (de alavancagem). Se colocar R$ 1 bilhão no fundo, por exemplo, serão R$ 12 bilhões (de potencial de crédito)”, diz o diretor, que presidiu o Banco do Brasil entre 2015 e 2016, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff.
O atual cenário fiscal, porém, poderá inviabilizar esses novos aportes do Tesouro. Isso porque a equipe econômica ainda tenta manter de pé a meta de déficit zero em meio a um forte crescimento das despesas obrigatórias, que consomem boa parte do Orçamento.
Além disso, o aumento do crédito via BNDES vem sendo acompanhado com lupa no atual governo Lula devido à deterioração das contas públicas e do temor da retomada de estratégias malsucedidas no âmbito dos bancos públicos.
Enquanto o lançamento do novo cartão BNDES poderá ficar apenas para o segundo semestre, a linha de crédito em parceria com o Sebrae deve começar a operar no curto prazo, daqui a cerca de dois meses. O mecanismo será o mesmo dos financiamentos atrelados ao FGI. Mas, em vez de dinheiro do governo, esse fundo específico terá aportes do próprio Sebrae e do BNDES.