Sexta-feira, 28 de março de 2025
Por Redação O Sul | 30 de dezembro de 2020
Apesar de as pessoas do sexto feminino estar entre as principais vítimas do impacto sócio-econômico da pandemia de coronavírus, 2020 também foi de avanços no que se refere à igualdade de gênero e ao fortalecimento da liderança das mulheres em diferentes segmentos. E dentre todas as notícias longo ano, ao menos 15 serão lembradas como bastante positivas para elas.
– Movimento #MeToo: o poderoso produtor de filmes Harvey Weinstein, acusado de crimes sexuais por mais de 80 mulheres, detonando o movimento mundial #MeToo, foi condenado em fevereiro por estupro e ato sexual criminoso. O julgamento começou em janeiro, e seis mulheres testemunharam contra o réu, afirmando que ele as havia agredido sexualmente. Ele foi sentenciado a 23 anos de prisão. O resultado do julgamento foi considerado uma vitória significativa para o movimento.
– Mulheres no poder nos Estados Unidos: a vitória do democrata Joe Biden sobre o republicano Donald Trump é promissora para as mulheres norte-americanas. Não só pela eleição da ex-procuradora e senadora californiana Kamala Harris à vice-presidência (a primeira mulher a ocupar o cargo), mas também pela nomeação como chefe da inteligência da nova-iorquina Avril Haines, que já havia sido assessora-adjunta para Segurança Nacional.
– Fortalecimento do movimento #BlackLivesMatter: as afroamericanas Alicia Garza, Patrisse Cullors e Opal Tometi fundaram, em 2013, o movimento #BlackLivesMatter, pelos direitos civis das pessoas negras nos Estados Unidos e contra o racismo. Elas voltaram aos holofotes após o assassinato do negro George Floyd por policiais, cometido em maio e que gerou ondas de protestos em todo o mundo.
– Uma mulher indígena no governo da Bolívia: o país andino passou a ter, pela primeira vez, um Ministério da Cultura, Descolonização e Despatriarcalização. E a pasta é liderada por uma mulher da etnia indígena quíchua, Sabina Orellana Cruz, feminista e ativista histórica da Confederação Nacional das Mulheres Camponesas.
– Aumento no número de mulheres em cargos gerenciais: na lista da “Fortune 500”, que classifica as grandes empresas norte-americanas, as corporações dirigidas por mulheres atingiram o recorde de 37. Mesmo representando apenas 7,4% das companhias listadas pelo ranking, trata-se de um avanço promissor: eram 15 mulheres há dez anos e duas há 20 anos. Mas ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar a igualdade racial, já que 34 destas 37 executivas são brancas.
– Cerco aos feminicidas no mundo islâmico: nos Emirados Árabes Unidos, passaram a valer penalidades mais severas para os maridos que matarem suas esposas alegando que “desgraça para a família”. O presidente, Khalifa bin Zayed al Nahyan, anunciou que promete aprovar uma lei específica sobre o assunto, em uma reforma para defender os direitos humanos das mulheres”.
– Mutilação genital criminalizada no Sudão: embora uma lei nem sempre seja suficiente para erradicar uma prática, a iniciativa em si pode representar um ponto de partida necessário. É o caso do Sudão, onde entrou em vigor uma a lei que condena a até três anos de prisão, além do pagamento de multa, quem pratica a mutilação genital feminina, prática tradicional por meio da qual o clitóris é extirpado de 87% das meninas. Ainda falta abolir o procedimento por completo, inclusive em outros países africanos – Somália, Serra Leoa, Libéria, Chade e Mali.
Licença-maternidade no futebol
Em novembro, a Fifa (Federação Internacional de Futebol) anunciou que protegerá melhor as jogadoras grávidas e impor aos clubes de seus 211 países-membros uma licença-maternidade de pelo menos 14 semanas, já a partir de 2021, bem como a proibição de demiti-las durante o período do benefício. A federação torna proibido “questionar a validade dos seus contratos pelo fato de as jogadoras engravidarem”. Em caso de demissão por este motivo, o clube será punido.
Após a licença-maternidade, os clubes deverão reintegrar as jogadoras e lhes fornecer suporte médico e físico adequado. A jogadora poderá ainda amamentar, ou tirar o leite, em locais adaptados pelo seu clube. A FIFA quer viabilizar a possibilidade de ter filhos em um momento crucial do futebol feminino, quando ganhou intensidade física e profissionalismo, após o boom planetário que foi a Copa do Mundo da França 2019, mas foi duramente impactado pela pandemia, em 2020.