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Geral Boeing se declara culpada no caso dos acidentes com avião 737 Max

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Os dois acidentes fatais envolvendo o 737 Max, em 2018 e 2019, deixaram 346 pessoas mortas. (Foto: Divulgação)

A Boeing concordou, no domingo (7), em se declarar culpada de acusação criminal por dois acidentes fatais envolvendo 737 Max, em 2018 e 2019, nos quais morreram 346 pessoas. Segundo o jornal americano The New York Times, a empresa será colocada em “liberdade condicional” e será supervisionada por um tribunal do Distrito Norte do Texas, por três anos.

A empresa vai se declarar culpada de “conspiração para fraudar o governo federal dos Estados Unidos” durante a certificação dos aviões Max. E vai pagar uma multa de US$ 487,2 milhões – o máximo permitido por lei.

Também vai investir pelo menos US$ 455 milhões nos próximos três anos para fortalecer seus programas de conformidade e segurança.

“Chegamos a um acordo de princípio sobre os termos de uma resolução com o Departamento de Justiça”, confirmou a Boeing em comunicado enviado à AFP, nessa segunda-feira (8).

O acerto ocorre depois que os promotores determinaram que a gigante da aviação americana violou um acordo anterior também firmado com o Departamento de Justiça dos EUA, em 2021, e que tratava dos dois acidentes aéreos. Os acidentes ocorreram na Etiópia e na Indonésia.

Como parte da liberdade condicional, o Departamento de Justiça nomeará um monitor independente para garantir que as medidas de segurança da empresa sejam seguidas, com envio de relatórios anuais ao governo.

A companhia enfrentará penalidades adicionais se qualquer um dos termos for violado. O Conselho de Administração da Boeing também será obrigado a se reunir com as famílias das vítimas do acidente. A indenização às famílias será determinada pelo tribunal.

A decisão da Boeing de se declarar culpada é significativa porque a empresa não é condenada por um crime federal há décadas. No documento, o departamento descreveu a acusação de conspirar para fraudar o governo federal como “o delito mais sério prontamente comprovável”.

O Departamento de Justiça e a Boeing fizeram uma apresentação conjunta no domingo à noite, notificando o Tribunal Distrital de que haviam chegado a um consenso. Nos próximos dias, o acordo formal será apresentado. O tribunal, então, marcará uma audiência para que a empresa formalmente declare sua culpa pelos acidentes. As famílias das vítimas poderão falar durante essa audiência.

As famílias das vítimas, que foram informadas há uma semana sobre os contornos gerais do acordo, disseram que ele não foi longe o suficiente. Segundo um advogado do escritório Clifford Law, que os representa, familiares das vítimas declararam-se ”muito decepcionados”.

Eles pediram ao tribunal que rejeitasse o acordo na próxima audiência, argumentando que “faz concessões injustas à Boeing que outros réus nunca receberiam”.

“Muito mais evidências foram apresentadas nos últimos cinco anos para mostrar que a cultura da Boeing de colocar o lucro acima da segurança não mudou. Este acordo de confissão apenas promove esse objetivo corporativo”, disse o advogado Robert A. Clifford em comunicado.

Paul G. Cassell, advogado de mais de uma dúzia de famílias, disse que elas esperavam consequências mais rígidas para a empresa e seus executivos, incluindo um julgamento. E afirmou que o acordo do governo com a empresa “claramente não está no interesse público.”

“Este acordo indulgente falha em reconhecer que, devido à conspiração da Boeing, 346 pessoas morreram. Através de uma advocacia astuta entre a Boeing e o Departamento de Justiça dos EUA, as consequências mortais do crime da Boeing estão sendo ocultadas”, ressaltou Cassell.

A decisão da Boeing de se declarar culpada não proporciona imunidade a quaisquer funcionários ou executivos. E o acordo não a protege de acusações que possam surgir de outras investigações, incluindo uma sobre o episódio de 5 de janeiro envolvendo um jato 737 Max da Alaska Airlines, que foi forçado a fazer um pouso de emergência depois que um painel da fuselagem estourou em pleno voo, logo após o avião decolar do aeroporto de Portland, no estado do Oregon.

Embora o incidente não tenha causado ferimentos graves, o incidente poderia ter sido catastrófico se tivesse ocorrido minutos depois, quando o avião tivesse atingido altitude de cruzeiro e comissários de bordo e passageiros estivessem se movendo pela cabine.

Um porta-voz da Boeing confirmou que a empresa chegou a um acordo com o Departamento de Justiça para este caso, mas se recusou a fazer comentários adicionais. As informações são do jornal O Globo e de agências internacionais de notícias.

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https://www.osul.com.br/boeing-se-declara-culpada-no-caso-dos-acidentes-com-aviao-737-max/ Boeing se declara culpada no caso dos acidentes com avião 737 Max 2024-07-08
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