Terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 13 de setembro de 2022
País já superou número de ocupados anterior à pandemia, mas perfil indica um mercado com poucas perspectivas de crescimento para os trabalhadores
Foto: Marcelo Camargo/Agência BrasilO número de brasileiros ocupados já superou o período anterior à pandemia – 98,3 milhões no fim de junho de 2022 contra 94,2 milhões no mês de 2019. Mas o aumento das vagas tem se dado com muito mais intensidade para trabalhadores com baixa escolaridade para vagas que pagam menores salários, segundo boletim do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgado nesta terça-feira (13).
“Revela um mercado de trabalho empobrecido e com poucas perspectivas de ascensão para os trabalhadores”, avalia o Dieese.
O instituto expõe dados do IBGE e da Pnad Contínua que apontam que o número de pessoas ocupadas cresceu 9,9% no Brasil entre o segundo trimestre de 2021 e o de 2022, mas o grupamento ocupacional com a maior expansão foi o de trabalhadores dos serviços e vendedores dos comércios e mercados (17,9%), seguido pelos operadores de instalações e máquinas e montadores (15,8%).
Diretores e gerentes
Entre diretores e gerentes a taxa de crescimento dos ocupados cresceu 3% e entre profissionais das ciências e intelectuais a alta foi de 3,4%, segundo o Dieese. Essas classificações de atividades, em geral, são as que exigem diploma de nível superior.
Além disso, os dados observados pelo Dieese apontam que a ocupação cresceu principalmente entre trabalhadores sem instrução e com menos de 1 ano de estudo (31,4%), enquanto aumentou 14% entre os que possuem ensino médio incompleto e acresceu somente 3,6% para quem tem ensino superior completo. Entre os que têm ensino superior completo, a alta foi de 6,1%.
Ensino superior
Contudo, no recorte apenas entre os que possuem ensino superior completo, ao analisar o acréscimo de 749 mil ocupados no segundo trimestre deste ano, o Dieese notou que somente 160 mil dessas pessoas conseguiram ocupações típicas, ou seja, vagas de acordo com suas formações. Os demais 589 mil trabalhadores (78,6%) foram parar em funções não típicas.
Em relação ao rendimento médio, o boletim indica que os ocupados com superior completo foram os que tiveram a maior perda de renda (-5,6%), seguido por aqueles com ensino médio incompleto ou equivalente (-1,8%).
Sem estudo
Por outro lado, os ocupados sem instrução e com menos de 1 ano de estudo tiveram aumento de 3,2% no rendimento médio do trabalho e os com ensino fundamental completo ou equivalente viram o rendimento médio subir 0,8%.
“A ocupação, portanto, tem crescido, apesar da retomada lenta da atividade econômica pós-pandemia, mas a expansão ocorre em posições que exigem menos qualificação formal. O mercado de trabalho vai se precarizando não somente no estabelecimento de vínculos de trabalho sem proteção trabalhista ou social, mas também por meio da geração de empregos pouco complexos e pela perda de rendimentos”, analisa o boletim do Dieese.
“O aumento da escolarização da população, visto na última década, tem sido pouco aproveitado pelo mercado de trabalho nessa retomada da atividade econômica”, conclui o documento.