Sexta-feira, 17 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 20 de janeiro de 2018
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) foi fundado em 1952 com o objetivo de fomentar o crescimento de empresas de todos os portes. Para isso, oferece capital a taxas de juros muito inferiores às praticadas pelo mercado. Porém, com o passar do tempo, ficou cada vez mais evidente que a razão da sua existência precisaria ser revista.
Uma das principais justificativas dos políticos e economistas que defendem o banco se baseia no fato de a baixíssima taxa de juros praticada ser algo benéfico para a economia. Tal acesso a capital supostamente promoveria rápido crescimento das empresas de todos os portes do Brasil, beneficiando, principalmente, os pequenos e médios empresários. Porém, isso não acontece. Fica claro que o Estado assumiu papel que foge da sua alçada principal de forma inconsequente ao concluir que consegue manter um banco desse porte, realizando algo matemática e financeiramente impossível de ser realizado.
Essa intervenção do governo nas taxas de juros praticadas pelo mercado está criou uma má alocação de capital. Uma bolha que vai estourar a qualquer momento. O agravamento da sua situação nos últimos governos já foi muito preocupante, mas a sua perspectiva futura é ainda mais. Devido à centralização, nas mãos do Estado, das definições sobre quem estaria apto ou não a receber tal benefício, o julgamento sempre foi feito de forma ideológica. Evidentemente, isso fez com que o dinheiro do povo brasileiro fosse destinado para investimentos muito peculiares, com riscos acima da média. Empreiteiras brasileiras realizaram grandes construções fora do país, certamente com classificação de risco muito acima do normal. Isso fez com que o povo brasileiro financiasse obras até em Moçambique e na Venezuela via BNDES – compromissos que ainda não foram pagos pelos respectivos países. Certamente, em algum momento, essa conta chegaria, e o pior está por vir. Há uma ameaça de calote, agora da Angola, que pode ser a próxima a atrasar pagamentos de empréstimos feitos pelo banco. Você sabe quem está pagando por tudo isso? Como sempre, nós, os brasileiros que trabalham duro para sustentar este País.
Não bastasse o governo destinar nosso dinheiro para fora do país em investimentos ideológicos, o BNDES tem grande parte dos desembolsos concentrados em empresas de grande porte (JBS e Odebrecht são algumas delas). Isso contribui veementemente para o fortalecimento de um corporativismo que está destruindo a economia do país. À medida que o Estado consegue emprestar capital a juros que, como em diversos casos, são impraticáveis pelo mercado, essas empresas crescem de forma exponencial em relação aos seus concorrentes e seu segmento. Esse crescimento, claro, é bancado pelo povo brasileiro. Justo? Eu não acho…
Em suma, a existência do BNDES, não faz sentido! Para que serve termos um banco do Estado que é segurado pelo Tesouro Nacional? Ele acaba tendo liberdade para pegar dinheiro do povo quando recebe um calote; faz análise de investimento ideológica e perigosa para o futuro do país; e alimenta fortemente o corporativismo? O povo brasileiro está longe de obter entrega básica dos principais compromissos do governo em relação a saúde, educação e segurança. Então, por que esse desperdício de verba pública? Em pouco tempo teremos um escândalo novo, chamado BNDES, e novamente somos nós que pagaremos essa conta.
Rodrigo Leke Paim, publicitário e associado do IEE.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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