A história do bolo envenenado em Torres, no Litoral Norte gaúcho, chocou o País ao revelar uma trama familiar, onde Deise Moura dos Anjos é a principal suspeita de uma série de envenenamentos por arsênio.
A aparente tranquilidade de uma confraternização em família foi interrompida por um crime chocante. O que era para ser um encontro festivo antes do Natal, se transformou em uma tragédia com a ingestão de um bolo envenenado, resultando na morte de três pessoas e deixando outras duas hospitalizadas.
Para entender a complexidade desse caso, que envolve mortes suspeitas, relacionamentos familiares conturbados e a possibilidade de outros envenenamentos, confira uma linha do tempo detalhada dos eventos e seus principais personagens, elaborada pela CNN.
Linha do tempo
Em 2020, José Lori da Silveira Moura, pai de Deise, morreu aos 67 anos em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, supostamente por cirrose. A Polícia Civil suspeita que Deise o tenha envenenado gradualmente com pequenas doses de arsênio ao longo do tempo e planeja exumar o corpo para confirmar a hipótese.
De acordo com a polícia, as investigações mostraram que a suspeita fez a compra de arsênio ao menos duas vezes, entre esse e o próximo evento, por ora, registrado alguns anos depois.
Em setembro de 2024, Paulo Luiz dos Anjos, sogro de Deise, morreu por uma suposta intoxicação alimentar. Um dia antes, filho e nora haviam visitado Paulo em sua residência. Após a exumação do corpo, o IGP (Instituto-Geral de Perícias) identificou que um leite em pó, envenenado com arsênio, foi o que causou a morte do homem.
Ainda sobre a compra do arsênio, os investigadores identificaram duas aquisições entre setembro e dezembro de 2024. Nesse período, após a morte do sogro, Deise tentou manipular a família dizendo que a causa da intoxicação poderia ser uma banana que Diego dos Anjos, filho de Paulo e Zeli dos Anjos, havia levado. Com isso, de acordo com a polícia, a suspeita tentou evitar a perícia do corpo.
Em 23 de dezembro de 2024, Zeli dos Anjos, sogra de Deise, preparou um bolo para uma confraternização familiar. As investigações indicam que a farinha utilizada no preparo, que estava contaminada com arsênio, poderia ter sido ingerida em outro evento, com as amigas de Zeli, dias antes do café da tarde em família. O evento só não aconteceu porque algumas pessoas desmarcaram.
Seis pessoas da família consumiram o bolo envenenado, sendo elas: Zeli, suas irmãs Neuza e Maida, sua sobrinha Tatiana, seu sobrinho-neto Matheus e Jefferson, marido de Maida, não foi hospitalizado.
Na madrugada de 24 de dezembro, Neuza e Maida faleceram após ingerirem o bolo com arsênio, enquanto Tatiana, Matheus e Zeli foram hospitalizados em estado grave.
Em 25 de dezembro, Tatiana não resistiu e morreu. Matheus e Zeli permaneceram hospitalizados. No mesmo dia, a perícia esteve no imóvel onde o bolo foi consumido, em Torres, e em uma casa em Arroio do Sal, onde o alimento foi feito.
Em 3 de janeiro, Matheus, sobrinho-neto de Zeli, recebeu alta do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres. Em 5 de janeiro, Deise foi detida preventivamente por triplo homicídio qualificado e tripla tentativa de homicídio.
Em 6 de janeiro, a perícia descartou intoxicação por degradação de alimentos devido à alta quantidade de arsênio encontrado em amostras coletadas das vítimas. A investigação policial revelou a presença de arsênio no bolo e na farinha utilizada. A perícia confirmou que a substância tóxica foi adicionada intencionalmente à farinha.
Em 8 de janeiro, a polícia exumou o corpo de Paulo Luiz dos Anjos para investigar a causa da sua morte. A perícia confirmou que ele também consumiu arsênio, reforçando a suspeita de que Deise o envenenou.
Nos dias seguintes, as investigações passaram a apurar a hipótese de que Deise tenha tentado envenenar outras pessoas do seu convívio.
De acordo com informações divulgadas pela CNN, os peritos também avaliam um pastel levado por Deise para sua sogra enquanto ela ainda estava internada. Zeli não consumiu o alimento.