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Bolsa brasileira pode chegar a 130 mil pontos no fim deste ano, se juros começarem a cair em agosto

Estrategista-chefe da XP, Fernando Ferreira vê corte da taxa na próxima reunião. (Foto: Divulgação)

Mesmo contrariando a expectativa do mercado, que esperava uma sinalização mais clara de queda de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a XP avalia que o Banco Central deve iniciar o ciclo de baixa da Selic em agosto, já que o cenário econômico atual no Brasil é favorável – a atividade econômica é resiliente e há uma contínua desinflação. A queda de juros pode desencadear um movimento de valorização da Bolsa, que já está em 120 mil pontos, prevê a gestora.

A XP estima que a Selic cairá 0,25 ponto percentual em agosto, e mais 1,5 ponto até o fim de 2023, fechando o ano em 12%. O estrategista-chefe da XP, Fernando Ferreira, avalia que, se as taxas juros futuros mais longas recuarem para o patamar histórico de 4% (considerando juros reais), o principal indicador do mercado de ações pode fechar o ano em 150 mil pontos.

1. Qual a sua avaliação sobre o início do ciclo de queda de juros?

Nossa expectativa é de um corte de 0,25 pontos percentuais em agosto. As condições para cortar estão aparecendo e eles (o BC) vão preparar o terreno. Temos um mapa com os principais indicadores econômicos e, há seis meses, todos estavam no vermelho. Atualmente, só o desemprego está vermelho. Os demais como câmbio, inflação corrente, expectativa de inflação, situação dos reservatórios, tudo melhorou. Todos estão no azul.

2. E o impacto dessa queda no mercado de ações é imediato?

Tivemos uma discussão se a Bolsa já não teria precificado esse primeiro corte de juros. Olhamos para os dados históricos, desde o ano 2000. Foram seis ciclos de cortes de juros. Nesses seis ciclos, se uma pessoa tivesse comprado Ibovespa no mês em que o BC inicia o corte e ficado até o final do ciclo de baixa, ganharia 47% nesse período. E o CDI, no mesmo período deu, na média, 18%. Ou seja, a Bolsa subiu quase três vezes mais que o CDI rendeu. Fomos olhar quanto a Bolsa tinha subido antes do primeiro corte de juros, nesses ciclos, e a média foi de 17%, nos seis meses anteriores. Agora, a Bolsa já subiu 20%. Então, na nossa visão, o cenário mais otimista ainda nem começou.

3. Por quê?

Ainda vemos as pessoas físicas completamente fora de Bolsa e sacando de fundos de ações e de multimercados. A migração que as pessoas fizeram para a renda fixa ainda não voltou. Os fundos multimercados estavam super pessimistas com o Brasil, com o arcabouço fiscal. Vários gestores avaliavam mal a nova regra. E eles não pegaram essa alta recente da Bolsa.

Os fundos de pensão estão com a menor alocação em renda variável historicamente. No momento em que os juros começarem a cair, os fundos de pensão tendem a voltar para Bolsa. E o investidor estrangeiro, que no ano passado, trouxe R$ 100 bilhões para o Brasil, está errático este ano. Entra e sai e, no ano, o saldo é positivo em apenas R$ 9 bilhões.

Ou seja, o fluxo dos estrangeiros ainda nem começou. E agora vemos um otimismo do estrangeiro em relação ao Brasil, em parte porque está barato, em parte porque estão otimistas com commodities. E também por falta de opção no mundo.

4. O Ibovespa já chegou a 120 mil pontos, mesmo antes da queda de juros. Qual é a expectativa da XP para o índice?

Nossa estimativa é de 130 mil pontos para o fim do ano como valor justo. Mas fizemos uma conta, que caso os juros longos continuem caindo, estamos falando do juro real, das NTN-Bs, que estavam em 6,5%, e caíram para 5,5%. Mas a média histórica é 4%. Se voltarmos para 4%, o Ibovespa pode atingir os 150 mil pontos ao fim deste ano.

5. Quais ações já estão refletindo essa melhora da economia e uma possível queda dos juros?

Os setores mais sensíveis à queda de juros, são os mais óbvios. Imobiliário, varejo, saúde e educação e transportes. As small caps também se beneficiam. Mas, quando a gente olha para Bolsa, setores como bancos, commodities e elétricas também estão muito baratos. A Vale caiu 25% este ano. Só a Vale foi detratrora em quase 4 mil pontos no Ibovespa pelo seu peso. O Ibovespa poderia estar em 124 mil pontos se a Vale estivesse no zero a zero. Ou seja, tem potencial de valorização para todos os gostos.

Até as estatais estão indo bem. O mercado entrou o ano preocupado com a retórica do governo. Os papéis estão desvalorizados no maior nível desde 2008. A gente vê que o governo tem dificuldade de mudança nas companhias, até por uma série de travas que foram colocadas, e agora está havendo uma descompressão no prêmio de risco.

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