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Bolsonarista que matou petista vai cumprir pena em prisão domiciliar

A bancada de oposição na Assembleia Legislativa do Paraná, liderada pelo PT, divulgou uma nota de repúdio à decisão do TJ. (Foto: Reprodução)

O ex-policial penal Jorge Guaranho, condenado pela morte do militante petista e guarda municipal Marcelo Arruda, vai para a prisão domiciliar, com monitoramento eletrônico. Ele havia sido condenado no dia anterior a prisão em regime inicial fechado, por 20 anos, pelo Tribunal do Júri de Curitiba.

A decisão liminar, assinada na última sexta-feira (14), é do desembargador Gamaliel Seme Scaff, do Tribunal de Justiça do Paraná.

“Entendo que não se pode desprezar a precária condição da saúde do paciente (…). Ao que parece, o paciente continua muito debilitado e com dificuldade para se deslocar em razão da enfermidade e das lesões que o acometem, logo, por ora, chega-se à ilação de que sua prisão domiciliar não colocará em risco a sociedade ou o cumprimento da lei penal”, escreveu o magistrado.

Os advogados de defesa do réu disseram ao TJ que Guaranho realiza “tratamento médico especializado em decorrência de ter sido alvo de nove disparos de arma de fogo e severos espancamentos por mais de cinco minutos, resultando em fratura completa da mandíbula, perda completa de dentes e massa óssea”.

Acrescentaram que “os diversos projéteis estão alojados no corpo do paciente, inclusive na caixa craniana e na porção esquerda da massa encefálica”.

A bancada de oposição na Assembleia Legislativa do Paraná, liderada pelo PT, divulgou uma nota de repúdio à decisão do TJ. Os parlamentares afirmam que a razão humanitária alegada pelo desembargador “desrespeita a vítima e banaliza um crime de ódio ideológico”.

“Marcelo foi executado com uma arma do Estado por divergir politicamente. Enquanto sua família sofre, o assassino usufrui de um regime que relativiza a barbárie”, diz a nota. Acrescentam que confiam na revisão da decisão.

O advogado de Guaranho, Samir Mattar Assad, disse  que, de quinta para sexta, Guaranho passou a noite no CMP (Complexo Médico Penal), na região de Curitiba.

Na decisão liminar do desembargador, ele afirma que a prisão domiciliar deve ser cumprida na comarca de Curitiba. Mas a defesa deve entrar com um novo pedido para buscar a transferência para Foz do Iguaçu, onde morava com a família.

Guaranho foi condenado pelo Tribunal do Júri de Curitiba pelo crime de homicídio duplamente qualificado, praticado em 2022, quando ele invadiu a festa de aniversário de Marcelo, em um clube em Foz.

O crime foi o mais emblemático da última campanha à Presidência, em 2022, e forçou um debate nacional sobre violência na política.

Uma das qualificadoras é o motivo fútil, em referência à divergência política. Apoiador do então presidente Jair Bolsonaro, Guaranho foi até o local quando soube que havia uma festa com símbolos petistas na decoração e fotos de Lula, então candidato à Presidência. Guaranho não conhecia Marcelo, que era tesoureiro do PT em Foz e comemorava seus 50 anos de idade na ocasião.

No depoimento que prestou ao júri, na noite de quarta-feira (12), Guaranho justificou que foi até lá “por brincadeira”. Acrescentou que hoje avalia ter sido uma “idiotice”.

Marcelo foi atingido por dois tiros disparados por Guaranho e não resistiu aos ferimentos, morrendo na madrugada do dia 10 de julho daquele ano.

Na noite do crime, mesmo alvejado por Guaranho, Marcelo ainda conseguiu disparar contra o policial penal, que, caído no chão, também levou chutes de outras três pessoas que estavam na festa e acompanharam toda a ação.

Hoje com projéteis ainda alojados no corpo, ele utiliza muletas para andar e diz que toma remédios rotineiramente para dores.

Ao longo do julgamento, os promotores de Justiça repetiram que o episódio das lesões não estava sendo tratado no júri. Também afirmaram que as pessoas que chutaram Guaranho após o tiroteio relataram agir por “pânico e revolta” e que elas não estão respondendo por tentativa de homicídio. As informações são do portal Folha de São Paulo.

 

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