Políticos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro se posicionaram contra o governo federal após uma reportagem do portal Metrópoles ter revelado que 10,9 milhões de doses vencidas de vacina foram incineradas pela governo Lula. Este é mais um episódio de críticas da oposição direcionadas à ministra da Saúde, Nísia Trindade.
Quem encabeça a reação é o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), um dos filhos do ex-presidente. Em postagem no X, o parlamentar criticou o mal uso de dinheiro público: “Que governo é esse que tem vacina em estoque e não distribui? Imagina se Lula fosse presidente na pandemia. Deus tenha piedade do nosso Brasil sem Ministério da Saúde”, escreveu.
Na Câmara dos Deputados, também da bancada do PL, Bia Kicis (DF) ironizou a gestão de Nísia Trindade e questionou: “Ué, isso não é genocídio?”. A escolha pela palavra genocídio remete à pandemia da Covid-19, quando Bolsonaro era acusado pela oposição de má gestão da crise sanitária. Na ocasião, o Brasil ultrapassou a marca de 700 mil mortes.
Outro opositor de Lula que se juntou aos colegas bolsonaristas é o ex-deputado Deltan Dallagnol (Novo). Em postagem, o ex-procurador da Lava-Jato chamou o atual governo de “incompetente” e citou a condução da epidemia da dengue. Em sua avaliação, teria sido “desastrosa”.
“Ainda não vimos a formação de consórcios para fiscalizar Lula, nem comentaristas políticos chamando de ‘genocida’ e ‘negacionista'”, escreveu Deltan.
Segundo a reportagem do Metrópoles, que conseguiu os dados mediante Lei de Acesso à Informação (LAI), 10,9 milhões de doses de vacina foram incineradas, sendo a maioria (6,4 milhões) para a Covid-19. As críticas à Nísia Trindade não se restringem a este episódio.
Recentemente, o Ministério Público Federal abriu uma apuração preliminar para verificar se o governo federal estaria sendo omisso no combate à Covid-19. A investigação gira em torno do vencimento de imunizantes e queda no número de testes para identificar a doença. Esta informação foi inicialmente divulgada pelo jornal “Folha de S. Paulo”.
A relação entre Nísia e o Congresso Nacional sofre percalços desde o início do mandato de Lula. Inicialmente, as rusgas ocorriam pela demora na liberação de emendas parlamentares e uma pressão do Centrão para ocupar o comando da pasta.
Em dezembro do ano passado, uma portaria sobre recursos emergenciais para atenção especializada destinados a estados e municípios gerou incômodos. A avaliação é que o texto dificultou o repasse de verbas apadrinhadas por parlamentares ao incluir exigências que não estavam previstas.
Já em fevereiro deste ano, uma norma que tratava sobre o aborto foi suspensa. O ato derrubava uma orientação da Saúde da gestão de Jair Bolsonaro que fixava o prazo de 21 semanas e seus dias de gestação para a prática do aborto nos casos em que é legal. Segundo a pasta, o documento que gerou grande repercussão na oposição “não passou por todas as esferas necessárias do Ministério da Saúde e nem pela consultoria jurídica”. As informações são do jornal O Globo.