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Bolsonaristas críticos de Alexandre de Moraes fizeram campanha no X durante o bloqueio. Eles pediram votos e mobilizaram apoiadores pelo impeachment do ministro

Entre os deputados mais ativos na plataforma estavam Marcel van Hattem (Novo-RS), Nikolas Ferreira (PL-MG), Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Carla Zambelli (PL-SP). (Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados)

Líderes bolsonaristas no Congresso Nacional divulgaram o ato de 7 de setembro e continuaram com a campanha eleitoral no X, mesmo após o bloqueio da rede social de Elon Musk no Brasil, determinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Um levantamento feito após o restabelecimento da plataforma, identificou diversas postagens de deputados e senadores que criticavam Moraes, enquanto o X ainda deveria estar inacessível no País. As informações são do blog de Malu Gaspar, no jornal O Globo.

A utilização do X durante o bloqueio por políticos está sendo investigada pela Polícia Federal (PF), que está identificando quem fez publicações nesse período para informar a Moraes. O ministro deverá receber um relatório específico sobre essas postagens até o final da próxima semana. Em agosto, Moraes não só ordenou o bloqueio do X, como também determinou o uso de tecnologias VPN para contornar a restrição, impondo uma multa de R$ 50 mil para quem descumprisse a medida.

Entre os deputados mais ativos na plataforma estavam Nikolas Ferreira (PL-MG), Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Carla Zambelli (PL-SP), Marcel van Hattem (Novo-RS) e Mario Frias (PL-SP).

Além deles, também publicaram durante o período as deputadas Bia Kicis (PL-DF), Júlia Zanatta (PL-SC), os senadores Jorge Seif (PL-SC), Rogério Marinho (PL-RN) e Magno Malta (PL-ES), assim como Sergio Moro (União Brasil-PR), que, embora não tenha assinado os pedidos de impeachment contra Moraes, e a deputada Rosangela Moro (União Brasil-SP).

Um estudo realizado por um grupo de pesquisa da USP estimou que cerca de 13 mil pessoas participaram do protesto. Nikolas, que já está sendo investigado pela PF, fez diversas postagens em apoio à candidatura de Alexandre Ramagem (PL) no Rio de Janeiro, contra Eduardo Paes (PSD), além de abordar seu conflito com o PSD de Gilberto Kassab e suas manifestações públicas de apoio ao candidato Pablo Marçal (PRTB) em São Paulo. Nikolas também compartilhou seu discurso no ato contra Moraes, ocorrido na Avenida Paulista durante o feriado de 7 de setembro, e fez pressão pelo impeachment do ministro.

Na véspera do primeiro turno, Nikolas postou a “colinha” com seus candidatos em Belo Horizonte (MG), Bruno Engler (PL) para prefeito e seu ex-assessor Pablo Almeida (PL), que foi o vereador mais votado da cidade, com 39,9 mil votos. O post teve mais de 4 mil curtidas e 600 compartilhamentos.

Em um dos posts, ao comentar a discussão entre José Luiz Datena (PSDB) e Marçal durante um debate na TV Cultura, Nikolas fez uma menção à restrição do X: “É uma pena que o Brasil não tenha acesso ao X agora.” Em outro post, em inglês – estratégia adotada por alguns bolsonaristas para alcançar um público internacional –, ele afirmou: “Nós continuaremos a lutar contra a censura.”

Quando questionado pela equipe da coluna, o deputado não explicou como conseguiu acessar a rede social nem se usou VPN para publicar as mensagens.

Sua colega de Câmara, Carla Zambelli, também utilizou o X durante o período de bloqueio para pedir votos para Pablo Marçal e seu aliado Neto Zambelli, em São Paulo, além de apoiar Ramagem no Rio de Janeiro. Ela também fez convocações para o ato do 7 de setembro e para a manifestação bolsonarista em Belo Horizonte, pressionando o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a apoiar um dos pedidos de impeachment contra Moraes.

“AGORA É A HORA! Vamos fazer o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, eleito por Minas Gerais, nos ouvir! Podemos contar com você? Exija, respeitosamente, o posicionamento dos senadores do seu estado sobre o impeachment de Moraes”, escreveu, convocando a militância para o evento em Minas Gerais no dia 29 de setembro.

Outros parlamentares também usaram o X para promover suas campanhas eleitorais, como Ricardo Salles (Novo-SP) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). Salles, que havia tentado concorrer à prefeitura pelo PL, mas foi excluído pela sigla, compartilhou vídeos em que criticava o prefeito Ricardo Nunes e as “velhas raposas” que, segundo ele, tentam enganar o presidente Bolsonaro. Durante um debate na TV Globo, publicou um emoji de boné azul, fazendo referência ao acessório utilizado por Marçal nos embates televisivos, o que foi comemorado por seus seguidores.

O X foi bloqueado no Brasil depois de se recusar a nomear um representante legal no país. Desde o início do ano, a plataforma desobedecia as ordens de Moraes para suspender perfis. As restrições foram confirmadas pela Primeira Turma do STF.

A razão do bloqueio foi a determinação de Moraes para que a rede de Elon Musk removesse nove perfis de bolsonaristas que haviam feito postagens de ameaça e intimidação contra delegados da Polícia Federal envolvidos em investigações sobre as milícias digitais e a tentativa de golpe de 8 de janeiro, como os delegados Fábio Shor e Raphael Astine.

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