Antes mesmo de terem detalhes sobre as explosões na Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF), parlamentares bolsonaristas já calculavam o efeito colateral do episódio sobre o projeto de anistia aos envolvidos nos atos extremistas de 8 de janeiro de 2023.
Para integrantes do PL, partido de Jair Bolsonaro que desponta como principal defensor da medida, as explosões enfraquecem a possibilidade de aprovação da anistia. A leitura é que o ato contra o Supremo Tribunal Federal (STF) em si já prejudica o projeto.
Outro agravante é que o dono do carro que causou uma das explosões na Praça dos Três Poderes, o chaveiro Francisco Wanderley Luiz, 59 anos, chegou a ser filiado do PL. Segundo informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele usava o nome político de “Tiü França” e tentou uma vaga na Câmara de Vereadores na cidade de Rio do Sul (SC) pela legenda em 2020, mas não se elegeu.
Nas redes sociais, ele chegou a fazer ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF) com imagens de bomba dizendo “Cuidado ao abrir gavetas, armário, estantes, depósito de matérias etc. Início 17h48 horas do dia 13/11/2024… O jogo acaba dia 16/11/2024. Boa sorte!!!”.
Congresso
Depois do atentado de quarta-feira (13) na Praça dos Três Poderes, líderes partidários no Congresso Nacional avaliaram que o projeto de anistia dos extremistas de 8 de janeiro de 2023 perderá força dentro do Legislativo e suas chances de ser aprovado praticamente desaparecem.
Os líderes, ligados a partidos do Centrão, evitam falar publicamente para não comprar briga com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo eles, Bolsonaro busca transformar o ato num caso isolado, cometido por um “maluco”.
Mas esses parlamentares destacam que o discurso de ódio de bolsonaristas contra o Supremo Tribunal Federal acabaram contribuindo para o que aconteceu na quarta-feira. E ficou claro que os alvos principais de Francisco Wanderlei eram a Corte e o ministro Alexandre de Moraes.
O projeto da anistia foi para uma comissão especial criada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, como uma forma de retardar a tramitação da proposta, que o PL queria aprovar ainda neste ano na Casa.
A criação da comissão especial já inviabilizou essa votação para este ano. E o PL pediu ao provável futuro presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), para colocar o texto em votação no início de sua gestão.
Interlocutores de Hugo Motta reconhecem que o atentado de quarta dificulta algo que já era visto como muito difícil de ser votado.
Motta, por exemplo, tem buscado ter uma interlocução com o STF, prometendo um clima de harmonia entre Legislativo e Judiciário, acabando com o ambiente de animosidade entre os dois poderes.
No Senado, onde a avaliação era que o projeto não tinha chance de ser aprovado na gestão de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), agora o entendimento de líderes do governo é que também na eventual gestão de Davi Alcolumbre (União-AP), que deve voltar ao comando da Casa no ano que vem, não há possibilidade de votação. Principalmente após o atentado de quarta. As informações são do jornal O Globo e do portal de notícias G1.